Estudo FAAP: microinfluenciadores sofrem mais com seguidores falsos?

Aqui estão as principais conclusões de um estudo que realizei pelo Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP. Trata-se de uma análise dos resultados alcançados no Instagram por influenciadoras digitais brasileiras.

Para esse estudo, optou-se por trabalhar um segmento único, assim, foram selecionadas 25 mulheres que utilizam o perfil no Instagram para expor seu cotidiano e estilo de vida, sem evidenciar uma temática em particular, mas envolvendo sempre assuntos como moda, beleza e qualidade de vida. Os perfis foram divididos em cinco grupos de pesquisa:

• Grupo 1: celebridades (atrizes, artistas da música, etc.) com mais de um milhão de seguidores.
• Grupo 2: Influenciadores digitais com mais de um  milhão de seguidores.
• Grupo 3: Influenciadores digitais que têm entre 200 mil e 500 mil seguidores.
• Grupo 4: Influenciadores digitais que têm entre 20 mil e 50 mil seguidores.
• Grupo 5: Microinfluenciadores que têm entre 3 mil e 10 mil seguidores.

A análise foi baseada em dados de relatórios gerados pela ferramenta HypeAuditor, que faz uso de inteligência artificial para coletar dados e gerar relatórios com informações sobre qualquer perfil de usuários do Instagram com mais de mil seguidores (quem se interessar, pode clicar aqui para ter acesso a um código que permite gerar até três relatórios gratuitamente).

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uma análise dos resultados alcançados no Instagram por influenciadoras digitais brasileiras


Contas suspeitas

Uma importante constatação deste estudo é a de que a porcentagem de contas suspeitas em relação ao total de seguidores dos influenciadores é razoavelmente alta e difere pouco entre os grupos analisados. Independente do número de seguidores, muitos dos influenciadores digitais possuem entre 15% e 25% de seus seguidores formados por perfis falsos ou que utilizam ferramentas para gerar interações automatizadas.

Esses dados apontam para a hipótese de que a existência de fake followers (contas falsas) é uma constante inevitável dentro do total de seguidores dos influenciadores digitais, sejam aqueles com mais de um milhão ou mesmo os menores, com até 10 mil. Essa característica provavelmente é inerente a qualquer intenção do próprio influenciador, ou seja, a existência de seguidores falsos não é uma prova concreta da compra de fake followers. Isso pode acontecer sem seu conhecimento, afinal, para que essas contas falsas passem despercebidas, elas começam a seguir influenciadores por iniciativa própria.

O indício de compra de seguidores falsos é, portanto, mais evidente quando a porcentagem fica muito acima de contas similares; conforme podemos ver, por exemplo, no Perfil A (Grupo 1), que possui 33% de contas suspeitas, enquanto os demais do mesmo grupo apresentam uma porcentagem menor.

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Microinfluenciadores

Uma importante evidência que pode ser observada na tabela, é que a porcentagem de “pessoas reais” tende a diminuir conforme o número de seguidores também é menor.

Sabe-se, a partir de outras pesquisas internacionais, que o microinfluenciador tem mais proximidade e engajamento que um influenciador com muitos seguidores, porém, esse estudo mostra que as microinfluenciadoras brasileiras possuem uma média de engajamento autêntico (somente de contas de pessoas reais) inferior à média internacional.

Porém, é preciso relativizar esses números, pois a porcentagem de “pessoas reais” das microinfluenciadoras aparenta ser abaixo de 40% do total de seguidores; no entanto, as observações desse estudo mostram que há aqui uma ponderação importante a ser feita: ao avaliar aleatoriamente os seguidores dessas microinfluciaodras, nota-se que muitos perfis são de pessoas reais que possuem um hábito de seguir mais de 1500 perfis e esse alto volume de seguidores faz com que a ferramenta HypeAuditor classifique esse perfil como uma conta suspeita.

Portanto, temos aqui um comportamento cultural do brasileiro que pode acabar por interferir nos números do relatório, mas ainda assim, fica a evidência de que o volume de seguidores de um influenciador digital não é uma boa métrica para medir o possível engajamento, repercussão ou mesmo alcance de uma publicação. Para isso, é importante considerar outras variáveis como o engajamento autêntico e o índice de qualidade da audiência. É de extrema importância desenvolver mais estudos com influenciadores digitais no Brasil, a fim de oferecer aos profissionais de influencer marketing dados mais apropriados do nosso cenário.

OBS: esse texto foi extraído do estudo publicado pelo Núcleo de Inovação em Midia Digital da FAAP. Para baixar o PDF do artigo completo, basta clicar aqui.

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