David Abbott, que nos deixou em 2014, é um dos maiores nomes da publicidade. Passando pelos cargos de publicitário, redator, diretor de criação até virar autor de livros, fundou a Abbott Mead Vickers BBDO, na ativa até hoje.
Sua última entrevista, dada em 2013, foi organizada em uma espécie de livro online com o nome de “David Abbott Said”.
O site oferece um índice dividido em capítulos – são 36 (!) ao todo. Quem for ler, pode escolher ler só um ou outro fragmento ou, então, ir lendo tudo na sequência. Cada capítulo reúne fotos do passado de Abbott, seus anúncios, pôsteres e comerciais. Dá pra optar ainda em ler os textos ou assistir a vídeos, que têm mais ou menos cinco minutos de duração cada, que narram o que está escrito ali.
Só de passar o olho pela lista de capítulos da pra reconhecer muito da história dele. Os primeiros se chamam “In The Beginning”, “I Needed a Job”, “I Join Kodak”, “I Learn An Important Lesson” e “I Join Mather and Crowther”, respectivamente. O capítulo de abertura, por exemplo, é narrado em primeira pessoa e apresenta além de fotos antigas, uma narração que resume a infância de Abbott até a chegada na faculdade – ele, na verdade, não chegou a terminar os estudos porque o pai foi diagnosticado com câncer e faleceu pouco tempo depois. Seu pai, aliás, era dono de uma loja de livros. Interessante.
A guinada na história se dá no capítulo “I become a creative director”, por motivos óbvios, e a partir daí a história sai um pouco do âmbito pessoal e volta-se mais às conquistas profissionais. Há capítulos inteirinhos sobre as principais marcas com as quais ele trabalhou, como Volkswagen, Volvo e Chivas Regal. Vale a pena dar uma olhada no túnel do tempo de anúncios antigos que hoje, em sua maioria, parecem extremamente inadequados. Em um dos capítulos mais curiosos, “My Favorite Ad?”, descobrimos que Chivas é a resposta dessa pergunta.
O penúltimo capítulo do “livro”, batizado de “Some Advice”, tem um quê de auto-ajuda, mas é daquelas mensagens meio gostosas de ler, meio tapa na cara. Dá uma olhada:
“Se você acha que vai adorar a publicidade porque é um negócio de grandes oportunidades, saiba que é um negócio de decepções quase semanais. Muitas ideias suas serão cortadas, você pode ter falta de sorte e vai ter que amar a profissão para se recuperar. Tem que haver paixão, tem que querer realmente fazer isso. E, então, encontre uma agência ou um negócio que combine com você, no qual você acredite. Você descobrirá que todas as agências são diferentes. Elas são dirigidas por pessoas diferentes, que acreditam em coisas diferentes. Então encontre aquela que combine instintivamente com você e que intuitivamente você acredite que o faria feliz. Mas a principal coisa é: não é um negócio para quem não acredita.”
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