O mundo da arte não é apenas… artístico. Desde que arte virou arte, sempre existiu o cara que pinta… e o cara que compra e vende o que o cara que pinta, pintou. E não raro, (diria até que é assim na maioria das vezes), a turma da compra e venda não entende patavinas de arte – exceto valores monetários e como atribuir subjetividade para turbinar valores. Tem sempre essa intersecção entre a arte e negocios, muitas vezes, milionários.
Ontem, essa pintura feita em 1929 por Edward Hopper foi vendida em leilão por 91.9 milhões de dólares. Mais ou menos o equivalente a 367 milhões de reais. Trata-se da obra intitulada “Chop Suey”, que retrata duas mulheres tomando um chá no Starbuck’s da época. Do ponto de vista da arte, Hopper explorava bastante esse tipo e ambiente comercial, que realmente não era muito comum. Existe também uma outra “marca registrada” dele que é um maior grau de detalhes nos rostos do que nas cenas. E também a exploração dos sentidos, como o olfato (cigarro), a visão (letreiro luminoso), o paladar (chá), etc.
Mas o fator determinante para este valor estratosferico que a obra alcançou ontem foi mesmo o contexto histórico, com o tema do empoderamento feminino que, como sabemos, continua sendo um tópico extremamente lucrativo para muita gente. O quadro mostra uma situação que seria absolutamente inimaginável apenas uma década antes, ou no mínimo, seria visto certamente com preconceito. Duas mulheres independentes, com roupas de trabalho, maquiadas em tons vibrantes e curtindo um chazinho da tarde. Difícil até imaginar que houve um tempo em que isso pudesse ter qualquer caráter mais transgressor.
Porém a questão que surpreendeu o mundo foi mesmo o valor alcançado por “Chop Suey”, com muita gente (eu inclusive) curiosa para saber como é que funciona esse processo de precificação de obras. O básico acho que todos nós sabemos: contexto histórico, temas, técnicas e biografia do autor. Mas conseguir quase 400 milhões de reais com uma pintura realmente é um feito e tanto.
Aproveito então para já me desculpar com o leitor pela minha falta de repertório e conhecimento do mundo das artes e convido a todos para nos ajudar a entender melhor essa charada dos valores milionários pelos nossos comentários.
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