Os principais insights do SXSW EDU

Para além de música, filme, tecnologia, comportamento e outros temas mais difundidos da programação do SXSW, o festival tem também um braço dedicado a conteúdos voltados à educação, o SXSW EDU, com palestras bem interessantes e painéis que reúnem professores, gestores e demais profissionais da área para debaterem tendências e temas em alta nas salas de aula ao redor do mundo. Paralelamente ao SXSW, o SXSW EDU aconteceu entre os dias 03 e 07 de março e concluiu neste ano sua nona edição.

Consegui pegar os últimos dois dias e conversar bastante por aqui.

O evento é uma iniciativa do próprio SXSW em parceria com a Associação de Professores do Texas. Confira abaixo um apanhado dos insights mais bacanas apontados por lá nos últimos dias. 

1. Dinâmicas mais simples do que imaginamosA palestra que abriu o evento neste ano falou sobre o Machine Learning em sala de aula e surpreendeu: no lugar de apontar computadores e tecnologias emergentes como ferramentas intrínsecas ao aprendizado, o bate-papo abordou questões bem mais básicas, defendendo a importância de introduzir pensamento crítico, redes neurais e conjuntos de dados de forma natural no dia a dia das crianças, a partir de atividades como as que fazíamos nos velhos tempos de aulas de arte, isto é, usando sucatas, cordas, embalagens reutilizadas e etc. Para entender melhor, consulte os programas organizados pela Iridescent neste link. (https://iridescentlearning.org/). 

2. Finanças pessoais desde a infância Outra palestra abordou a importância de se ensinar educação financeira, ou seja, o básico sobre finanças pessoais, desde a infância. A questão foi abordada a partir do case da Amy’s Ice Cream, que desenvolveu uma área interna de educação corporativa para seus funcionários e, assim, obteve uma série de resultados positivos nos negócios da empresa. É aquele velho questionamento – que todo mundo debate mas nunca muda – por que nas escolas aprendemos tanto sobre matemática, química, física e biologia e nada sobre finanças pessoais e demais assuntos “normais”, como política, cidadania e cultura? 

3. Realidade virtual nas escolasÉ claro que temas como realidade imersiva/aumentada/virtual não ficaram de fora dos debates. Os usos dessas tecnologias na educação já estão em pauta e não é de hoje. As ideias são muitas: tornar as aulas mais atraentes para as crianças a partir de elementos lúdicos dentro dessas possibilidades, recriar equipamentos caros via realidade virtual, levar as crianças para “conhecerem” lugares históricos sem sair do lugar, permitir interação com escolas de outros países e por aí vai. Para além dos usos no ensino fundamental, é bacana pensar também nas opções nos cursos de graduação. Com realidade virtual é possível, por exemplo, estudar medicina sem “gastar” cadáveres, construir prédios sem correr o risco de errar pela inexperiência, desvendar a programação de um jeito imersivo… Os planos são infinitos, mas é difícil encontrar ainda exemplos que funcionaram e de fato já deram resultados positivos. A conferir. 

4. Habilidades do futuro e tecnologia X humanosAqui, voltamos a debater um tema já apresentado lá em cima, que é a necessidade de se investir em conteúdos mais “vida real” nas salas de aula. No SXSW EDU, muito se falou sobre os empregos do futuro e quais as habilidades serão valorizadas. E nesse caso, dizer “futuro” já é um tanto quanto ultrapassado. Hoje em dia mesmo já é mais raro encontrar empresas que ainda usem do modelo tradicional receber currículos e agendar entrevistas para escolher seus funcionários. Atualmente, é mais importante a conversa que vai rolar cara a cara do que os cursos que você foi acumulando no CV ao longo dos anos. É porque características como relacionamento, resiliência e reflexão acabam sendo mais valorizados no fim das contas – dependendo da empresa, é claro – e isso foi bastante citado nas palestras. Além de ajudarem no processo de introdução no mercado de trabalho, essas habilidades podem ajudar os estudantes a se tornarem auto-suficientes em seus processos de aprendizado, justamente para que eles consigam se virar bem num futuro profissional que envolva disciplinas que ainda nem existem. 

5. A educação brasileira Também rolou painel com brasileiros! Em “Marketing Public Education Thrive in Vulnerable Areas”, as educadoras Pilar Lacerda e Cleuza Repulho abordaram os desafios e dificuldades da implantação de políticas públicas de educação no Brasil, abordando especialmente questões relacionadas à política, sociedade e economia. A mediação foi do jornalista Felipe Menhem. Entre os principais tópicos, eles falaram sobre como a legislação deve assegurar direitos adequados, recursos financeiros e adaptação escolar, resultando assim em dois grandes desafios especialmente no nosso contexto: compensar séculos de atraso educacional e garantir educação de qualidade a todos, especialmente aqueles considerados à margem da sociedade. Que timing.

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