WebSummit 2019: político, provocador e feminino

Se eu pudesse resumir o primeiro dia do WebSummit em três palavras seriam: político, provocador e feminino .

Político porque trouxe Edward Snowden como atração principal da noite que, assim como era esperado, fez duras críticas ao que ele nomeia como sistema de coleta e análise de dados online que deixa a população vulnerável para o benefício dos privilegiados.

Quando questionado sobre GDPR, Snowden vê a iniciativa como um bom primeiro passo, mas não a solução. Primeiro, porque falar sobre proteção deixa implícito que a coleta de dados para os diferentes propósitos não está complementado. Segundo, porque nenhuma dessas leis ainda existem e até vermos as mudanças de políticas e comportamento o GDPR só nos dá uma sensação de proteção, mas não o que realmente precisamos.

Como mensagem final para os empreendedores focados em tecnologia (maior parte do público do WebSummit) ele deixou o recado: ao invés de tentar provar para os seus usuários os motivos pelo quais eles devem confiar nos seus serviços, mostre porque eles não têm que confiar em você. Todos os intermediários não estão no controle ou entendem o seu conteúdo, por isso você só deve se preocupar com o seu usuário final, porque as leis são locais – enquanto a internet é global. As leis não são a única forma de se proteger, só nós podemos nos proteger. A única forma de proteger alguém é protegendo a todos.

Provocador ao comprar o 5G a eletricidade em relação a sua capacidade de revolucionar a indústria atual. Enquanto a eletricidade foi responsável por automatizar e otimizar processos, o 5G vai elevar as estruturas de comunicação a um novo patamar (em um dia uma pessoa com 5G tem acesso a 3 vezes mais dados). O 5G tem um potencial revolucionário que se desdobra em áreas além da comunicação como a médica, por exemplo, mas para isso é preciso que os desenvolvedores se forcem a quebrar paradigmas e sair do que estavam fazendo até hoje e este foi o recado do Guo Ping.

Falar sobre água também é provocador, principalmente para um público focado em tecnologia que pareceu não ter engajado muito com o assunto. Talvez quem tenha visto “O Código Bill Gates” (Netflix) tenha feito uma associação entre a importância da tecnologia como peça imprescindível para possibilitar o acesso à água.

Jaden Smith (sim, o filho do Will Smith) quando foi questionado sobre parcerias com marcas como a Apple e sobre como ele trabalha a comunicação com um ar descolado, Jaden disse que essa é sua tática para atrair a atenção o público jovem para pensar sobre a água, afinal, quem sabe eles não serão os engenheiros que solucionarão o problema da água no futuro?!

E por fim, feminino porque não só mais de 50% das startups apresentadas durante da rodada de pitches foram apresentadas (e criadas!) por mulheres, como um painel inteiro foi dedicado a falar sobre os desafios da mulher no ambiente de trabalho com duas das maiores e bem-sucedidas empresárias portuguesas.

Nossa, mas por que falar disso em um evento de tecnologia? Porque tecnologia ainda é um dos mercados mais masculinos (já ouviu falar de Camila Achutti? Dá uma olhadinha lá ela tem feito um trabalho incrível para mudar este cenário) e porque tem temas que devem ser falados e inseridos no maior número de contextos possível até que se torne normal ao ponto de darmos espero para outros assuntos igualmente importantes quando falamos de ambientes de trabalhos igualitários e inclusivos.

Ufa! Está foi só a Opening Night, mas já deu pra ter um gostinho do que está por vir né?!?

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