Entre Facas e Segredos: elenco grandioso

Quando o filme Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express) estreou em 2017, colocou a prova se adaptações com grandes orçamentos dos livros de Agatha Christie, a Rainha do Crime, seriam um bom investimento para os estúdios de modo geral.

Com orçamento de U$ 55 milhões, a resposta veio com uma arrecadação mundial em torno dos U$ 351 milhões, e a partir daí era só questão de tempo até que uma sequência contendo o protagonista Hercule Poirot (mais especificamente a obra Morte no Nilo) e outras obras fossem adaptadas com um budget mais robusto.

Felizmente, Entre Facas e Segredos (Knives Out) foi a adaptação escolhida para lançamento durante o ano de 2019, e a arrecadação nos dois primeiros finais de semana de estreia mostra que foi uma escolha sensata: o longa já arrecadou mundialmente mais de U$ 124 milhões, sendo que em alguns grandes mercados, como no Brasil, o filme estreou somente na semana passada.

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Entre Facas e Segredos trouxe uma ótima recepção de crítica e público em suas duas primeiras semanas de estreia.

A trama se passa nos dias atuais e traz o detetive particular Benoit Blanc (Daniel Craig) tentando resolver o possível assassinato de um renomado escritor, Harlan Thrombey, (Christopher Plummer), que foi encontrado morto depois de seu aniversário de 85 anos. Entretanto, o desenrolar da trama traz diversos questionamentos que vão sendo respondidos no decorrer (e não somente no final) do filme: Foi um assassinato? Se sim, quem teria a intenção do criminoso(a) em assassinar o velho romancista? Sob quais condições esse possível crime ocorreu? O detetive Blanc examina uma verdadeira rede de mentiras para descobrir diferentes perspectivas por trás desses (e outros) mistérios.


O longa conta com um enredo é envolvente, mas o que salta os olhos do grande público provavelmente é o elenco de peso que talvez seja o melhor do ano, a começar pelo diretor: Rian Johnson, mais conhecido recentemente pelos filmes de “Star Wars: Os Últimos Jedi” e “Looper”, e pela direção de dois episódios de Breaking Bad.


Em Entre Facas e Segredos o diretor mantém sua marca em relação a fotografia: planos inusitados são escolhidos para serem retratados de forma complementar a história (como a primeira cena do longa que mostra dois cães correndo pelo campo), enquanto desenvolve um equilíbrio entre humor e suspense, traçado de modo perspicaz por uma linha extremamente tênue.


O elenco também conta com as atuações de Chris Evans (Ransom Drysdale), Ana de Armas (Marta Cabrera), Jamie Lee Curtis (Linda Drysdale), Michael Shannon (Walt Trombley), Don Johnson (Richard Drysdale), Toni Collette (Joni Thrombey) e Lakeith Stanfield (Inspetor Elliot). Um destaque que vale a ser mencionado é o do personagem Ransom Drysdale: É extremamente divertido ver Chris Evans voltar a interpretar um personagem debochado, que bebe muito da fonte do besteirol, depois de tantos anos interpretando o Capitão América nos filmes da Marvel: aqui é possível vê-lo atuando de forma quase nostálgica nesse sentido.

A atriz Ana de Armas também rouba a cena diversas vezes: assombrada por um conflito interno que é desenvolvido no decorrer do longa, a atriz sabe explorar muito bem características da personagem de um modo fluído (como o fato dela não conseguir mentir sem vomitar logo em seguida).

Elenco
O ‘Dream team’ do longa é um dos melhores do ano de 2019.

Spoilers

O filme não se trata exatamente de duas questões principais levantadas logo no início da trama: Harlan Thrombey foi assassinado ou cometeu suicídio? Se foi assassinado, quem cometeu o crime? Descobrimos logo no segundo ato que de fato ele cometeu suicido pensando no bem-estar de sua amiga, Marta Cabrera, que aparentemente trocou os remédios que o velho escritor iria tomar por engano. Para evitar que a enfermeira fosse acusada injustamente e sua Mãe deportada por estar ilegalmente no país, o velho Harlan arquiteta um grande plano para que Marta saia ilesa da situação. O que o roteiro preza, entretanto, não é a descoberta, e sim a jornada (algo aparente contraditório para uma trama policial, mas que funciona trazendo grandes recompensas para o espectador mais atento).

Outro ‘personagem’ que vale a pena ser mencionado é a própria mansão em que se passa a maior parte do filme: cada ambiente traz a tona um sentimento diferente, seja palheta paleta de cores ou os diferentes ângulos explorados, o ambiente desempenha um ambiente fundamental em dar dinâmismo e construção de expectativas a cada cena abordada.

Entre Facas e Segredos se sobressai no final do ano de 2019 não somente por um elenco grandioso, mas uma bela direção e um roteiro primoroso. É um abordagem diferente de uma obra clássica da literatura que teve uma atualização para o contemporânea extremamente bem executada por preza pela narrativa antes de qualquer outro aspecto: por ser um filme mais cadenciado, os respiros cômicos em exageros e a ótima produção fazem desse um dos filmes mais interessantes do ano, e nos desperta o desejo de voltar a ler as obras atemporais de Agatha Christie.

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