Em 2020, meu dupla e eu completamos 5 anos trabalhando juntos. É quase um casamento. E depois de tanto tempo dividindo jobs, viradas de noite e algumas (algumas?) intimidades, cheguei à conclusão de que redatores e diretores de arte unidos pelo destino deveriam cumprir um ritual. Tipo aquelas promessas que noivos fazem ao subirem no altar, sabe? Algo assim:
– Promete ser fiel, amar e respeitar sua dupla, na alegria dos prêmios e na tristeza das reprovações?
– Promete ser companheiro nos almoços sem volta e também naqueles em que só o quilinho rápido (e ruim) antes da reunião salva?
– Promete não dizer “essa ideia que eu tive” ao apresentar uma campanha para o Diretor de Criação?
– Redator, promete evitar títulos longos de modo a não avacalhar a diagramação do layout?
– E você, DA, promete marcar os títulos (sim, todos eles), dando-os leitura e respeitando vírgulas, caixas altas e concordâncias verbais?
– Promete apresentar ideias que não gosta tanto, como se elas fossem suas, porque a sua dupla está convencida de que são boas?
– Promete tomar a frente e contar os roteiros que faltam ao sentir que a dupla desanimou depois de mais uma cara feia do DC?
– Promete que, mesmo depois da apresentaçãofinalV27, não falará “vamos tirar da frente” e continuará acreditando que vocês, e só vocês, podem fazer as ideias rolarem?
– Por fim, promete resistir à tentação quando uma proposta irrecusável chegar só para você e seguir junto por todos os dias da sua vida na agência?
Assim sendo, pelos poderes em mim investidos, eu os declaro dupla. Podem criar na salinha.
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