A Fórmula 1 é um circo. Ainda bem

Com a Covid-19 e várias corridas do calendário adiadas, o circo da Fórmula 1 inicia uma série de competições online para preencher lacunas da agenda e não perder audiência.

Não, a categoria ainda não migrou para o E-Sports, estas competições serão focadas apenas no entretenimento e carregam o extenso nome F1 Esports Virtual Grand Prix series.

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competições online para não perder audiência

Sem platéia, circo nenhum sobrevive, mas é ai que eu me surpreendi pois há um bom tempo, uma bem montada estratégia comercial, tem como norte o esporte além das pistas.

Não queremos ser a melhor marca de automobilismo, queremos ser a melhor marca de entretenimento do planeta“, afirma Sean Bratches, diretor-gerente de operações comerciais da Fórmula 1.

Ele continua, “Estamos miopicamente (-Nem existe esse palavra, vai!) focados em servir aos fãs da Fórmula 1. Certamente, queremos prestar muita atenção tentando atrair novos fãs para esse esporte e achamos que temos a oportunidade de servir a ambos.

Essa declaração em uma entrevista em 2018 ao site Marketingweek, aconteceu dois anos depois da aquisição da categoria pela Liberty Media e me pareceu um posicionamento arriscado, que no entanto percebi ser brilhante como a virada de mesa da Red Bull ao deixar de ser apenas um player exclusivo de energéticos.

O calendário de 2020

A competição deste ano ainda está em hiato (-Lavem as mãos!), já a competição online está só começando e usará a versão 2019 do jogo oficial produzido pela Codemasters, reconhecida por sua maestria técnica em jogos de corrida e que também já é a produtora oficial há algumas temporadas.

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A transmissão será pelos canais oficiais da Fórmula 1 e conta com pilotos e convidados, como Nic Hamilton (Piloto e irmão de Lewis) e o medalhista Olímpico, Sir Chris Hoy para citar alguns.

Além disso, durante os finais de semana sem corridas oficiais, fãs (-Eu!) poderão competir contra os pilotos, mas não há muitos detalhes sobre isso. :( (-Devo ter pesquisado pouco!)

Então quer dizer que a analogia de circo não é a toa. Temos mais atrações para ver?

Bromance

Como se pode perceber não é de hoje que a F1 está namorando o entretenimento.

Em seu site oficial podemos ver notícias como “Rivals on track, friends off it: 7 of F1’s greatest ever ‘bromances’” ou, “Quem é esse Pokémom?” “QUIZ: Who’s missing from these classic F1 scenes?”

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Em seu instagram oficial, temos não apenas highlights das últimas corridas, mas também, com intervenções em motion de diálogos durante cenas que exaltam fairplay, rivalidade, e claro ultrapassagens. (-Tem uma ótima mas o Embed falhou!

https://www.instagram.com/p/B9-OZ4NIVRG/

Há também jogos acessados pelo próprio site como o F1 Play, em que você compete em previsões de podiums com direito a prêmios, e o F1 Fantasy, em que você escolhe um time de 5 Pilotos mais uma Montadora e compete em ligas com pontuação baseada nas performances reais de cada corrida.

F1 Fantasy
F1 Fantasy é um jogo online de equipes com orçamentos definidos baseados em dados de cada prova oficial.

O pacote ainda conta com inúmeras licenças, como o prórpio jogo da Codemasters e algumas inserções mobile ao estilo de gestão de carreira.

E pensar que quando eu era um pequeno guri, todo o final de semana quando chegava em casa o jornal, na página de esportes, cuidadosamente eu recortava o Grid daquele final de semana e as fotos publicadas e as guardava em uma pasta.(-Tenho isso até hoje!)

Uma empresa de entretenimento

Em um acordo de US$ 8,5 bilhões, desde 2016, a F1 pertence e tem sua gestão comercial gerida pelo conglomerado Liberty Media, que tem investimentos em negócios de comunicação, mídia e entretenimento além de ser uma das donas da Discovery Communications, dos canais de TV DirecTV Sports e Starz, da rádio SiriusXM e do time de beisebol Atlanta Braves contando também com uma porcentagem das gigantes Time Warner e Viacom.

Desde que assumiu o comando, a Liberty prometeu investir pesado em digital, algo que a categoria estava muito atrasada (-Como meus recortes…brincadeira!).

Em 2018, dois anos após a compra, esta iniciativa fechou com prejuízo operacional de US$ 2,1 milhões, o que parece muito mas, em 2017 foram US$ 5,4 milhões, o que mostra que as ações estão funcionando e só tendem a se consolidar em 2019 e 2020.

De circo para circo

A VP de vendas e marketing do Cirque du Soleil entre 2015 e 2017, Alma Derricks, disse em uma entrevista para o site AdAge, em 2016 (-Mesma época da aquisição da F1) que “Cirque sempre teve orgulho na sua fusão entre tecnologia e arte”.

Em uma outra entrevista, ao site Linkdex, no mesmo ano, ela comenta que a marca do Cirque “é incrivelmente forte no palco, mas onde somos desafiados é no que acontece além das luzes e como interagir com o público.” ela continua, “A coisa mais radical que podemos fazer é ter mais intimo…e [e trazer o público] para trás da cortina, que é uma nova e fascinante aventura para o Cirque du Soleil.” e conclui “O que realmente penso é como criar proximidade e como trazê-los (a audiência) de volta e contar histórias tão emocionantes quanto o que fazemos no ar”.

Se eu fizer um exercício de ler o texto acima apenas substituindo o Cirque du Soleil para o Cirque du F1, a analogia à estratégia encaixa perfeitamente afinal.

Como platéia, somos gratos. Como criativos, aplaudimos.

#goodnewsquarantineplease

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