O coisês da porta: puxe, empurre ou bata.

Porque as plaquinhas de “puxe” e “empurre” são um atestado de incompetência de design.

Em 2012, Evelyn Paswall de 83 anos, processou a Apple em um milhão de dólares porque quebrou o nariz na porta de vidro de uma Apple Store, em Long Island.
Ao contrário do que parece, tudo leva a crer que a vovó (e seu advogado) enxergam bem longe, isso sim.

O ocorrido me faz lembrar de uma história contada por Donald Norman (um dos meus designers preferidos) para ilustrar o que acontece quando o “coisês”, a língua em que as coisas conversam com você, não funciona direito. Tipo uma coisa, falando com sotaque.

A História da Porta de Vidro

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Certa vez um cliente de um banco ficou preso entre as portas de vidro da entrada, mas não por causa do sistema de segurança. As portas eram totalmente de vidro, sem maçanetas e sem dobradiças visíveis. Tudo vidro.

Depois de passar pela primeira, o cara empurrou a segunda pelo lado errado (o lado das dobradiças) e achou que estava trancada.

Virou-se para ir embora, mas ao girar mudou de posição e acabou empurrando a porta da saída também pelo lado errado.

Pensou que estivesse preso e entrou em pânico, explodindo numa violenta crise de claustrofobia, se debatendo aos berros contra o vidro até cair sentado, exausto e aos prantos.

Um incidente totalmente desnecessário, uma vítima de design ruim. Isso sem falar na cara de tacho quando alguém abriu a porta pelo lado certo.

Pode reparar: nada mais comum do que uma porta de vidro linda no dia da inauguração, mas que uma semana de depois, na vida real, acaba recebendo um nada discreto adesivo preto e amarelo.

Portas de vidro estão condenadas a, mais cedo ou mais tarde, receber o mesmo tipo de sinalização que a polícia usa para fazer isolamento de cena de crime (assassinato de fachada, no caso).

Don Normam diz que plaquinhas de “puxe” e “empurre” são um atestado de incompetência de design. São um tipo de tradução simultânea.

O segredo é diminuir ruídos e deixar do jeito que uma criança de 3 anos entenderia: se não tem onde pegar, só resta empurrar. Se tem onde pegar, obviamente é pra puxar.

Ou, extrapole essa situação mundana, pense grande, meta sua fuça no vidro e peça uma indenização de acordo com o tamanho do dono da porta.

Se bem que uma porta de vidro pode mesmo quebrar um nariz:

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