E quando o bode sair da sala?

A Covid-19 entrou na nossa casa como um verdadeiro bode. Mas e quando ele sair? Como encararemos os problemas antigos?

A fábula do Bode na Sala foca um ponto para que outro seja “esquecido”, “minimizado”, ou, ao contrário, até valorizado. Faz um problema grande parecer pequeno diante de outro maior. Faz uma péssima notícia tornar a má notícia que vem em seguida não parecer tão ruim.

E como isso acontece?

A psicologia diz que nossa mente não avalia as coisas de forma isolada, sempre levando em conta a informação anterior. A esse fenômeno – persuasivo – dá-se o nome de contraste perceptivo. Seguindo essa lógica, algo muito doloroso é “combatido” por algo mais doloroso. Uma vez que o “mais doloroso” é experimentado, o outro se torna mais brando. Essa é a dinâmica. Correta ou não, é assim que o cérebro funciona.

Saindo do mundo etéreo da fábula e chegando ao mundo real, a Covid-19 não foi plantada na sua casa nem é uma arma de persuasão. Mas o seu cérebro não sabe disso. Ele a entende como um bode fétido e não sente nada além do cheiro ruim dessa doença, desse problema gigante, dessa notícia ruim, que chegou arrastando tudo o que viu na frente, trazendo medo, desespero, uma angústia profunda e o desejo quase anti-humano de viver. Só se fala nisso, só se sente isso, só se teme a isso, só se reclama disso.

Mas você já se perguntou onde estavam suas “dores” antes de a pandemia chegar e o que elas significavam pra você? E qual lugar elas terão depois que a vacina ou o remédio forem descobertos?

Esse bode cheira mal. Muito mal. Mas quando ele parar de exalar, os outros cheiros (re)aparecerão. E como você vai senti-los depende de como você olha pra cara desse bode agora enquanto vê televisão.

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