Humanidade, Humildade, Imunidade

É a a velha lei do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Diante de quase 3 milhões de casos e 100 mil mortes por Covid-19, são poucos os que acreditam piamente na não-existência do vírus.

Os dados são do IBGE: 97% dos brasileiros afirmam existir racismo no Brasil, enquanto apenas 1,2% se assumem racistas. Reparem vocês que há algo de muito sério que vai bem além da hipocrisia contida nos dados dessa pesquisa: a velha lei do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Pois bem: diante de quase 3 milhões de casos e 100 mil mortes por Covid-19 no Brasil, são poucos que acreditam piamente na não-existência do vírus. Mas é gritante a parcela que, ciente de sua existência e gravidade, segue se aglomerando e vivendo no velho anormal como se a roleta russa da pandemia fosse um dado viciado que só mostra a face da morte para a periferia desde sempre desassistida, e que não para por uma simples e cruel questão de sobrevivência.

Coloque sua máscara e me acompanhe à distância de 1 metro aqui, por favor:

Se no mês de março só se falava em coronavírus e da importância da sociedade se conscientizar e se unir em torno do combate da maior pandemia dos nossos tempos, nessa entrada de agosto a impressão que dá é que podemos discutir religião, futebol e até mesmo aquele caso extraconjugal do tiozão que paira nas famílias, mas debater a pandemia e nossas ações em relação a ela virou tabu. Nós brasileiros, com nossa visão turva pelas divisões políticas e sociais que sempre estiveram aí e se agravaram com o combo governo despreparado + pandemia, não enxergamos a dicotomia que nos atinge: enquanto milhões de pessoas choram a perda de parentes e amigos, outras milhões negam os números, fazem pouco caso do vírus e se aglomeram sem máscara para seguirem fazendo o que sempre fizeram.

E antes que alguém reclame que a vida é sua, portanto a responsabilidade por suas ações (e segurança) cabe somente a si mesmo, reforço que Brasil e Estados Unidos, notoriamente os maiores negacionistas da pandemia, respondem por 1/3 dos casos e das mortes por Covid-19 no mundo, e se encontram num platô sem fim enquanto diariamente de 2 a 3 aviões lotados de pessoas infectadas vão do céu para baixo da terra. E muitos de nós naturalizamos isso como se estivéssemos lendo a previsão do tempo ou o horóscopo do dia.

Sim, a vacina virá.

Quiçá em poucos meses a agulha da cura entrará em sua veia trazendo a esperada imunidade ao vírus que estraçalhou com milhões de vidas e com as latitudes sociais de nosso planeta. Mas a vacina que traz imunidade ao egoísmo e à nossa falta de empatia para viver como sociedade… ah, essa só vai existir se a minha e a sua casa se tornarem um laboratório de cidadania e de conscientização. Começando por “lavar as mãos e usar a máscara são hábitos tão comuns quanto escovar os dentes e desligar as luzes ao se deitar.

O novo normal (pausa pra careta) vem de dentro pra fora, e sempre terá espaço pra quem está disposto a silenciar as discussões (e ativações de notificações) e se conectar com a única frase que realmente importa no livro da vida: “é melhor conquistar a si mesmo do que vencer mil batalhas”. Que comece a nossa.

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