O HIV teve origem nos chimpanzés?

O HIV surgiu a partir de mutações de um vírus que infectava primatas não humanos (chimpanzés, mas também gorilas, mangabeis etc.)

Resposta curta:

O HIV surgiu a partir de mutações de um vírus que infectava primatas não humanos (chimpanzés, mas também gorilas, mangabeis etc.)

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Resposta longa (e mais interessante):

O “HIV” é um conjunto de vírus que surgiram a partir de mutações de outro grupo de vírus chamado SIV (vírus da imunodeficiência símia).

Há centenas de milhares de anos, primatas de diversas espécies (chimpanzés, gorilas, maangabeis) convivem com esses vírus — no plural, pois são diversos tipos e subtipos. Devido a essa convivência milenar, os símios convivem relativamente bem com o SIV, que causa apenas uma doença viral autolimitada sem outras grandes repercussões nos macacos.

Assim como seu “filho” HIV, o SIV é um retrovírus e depende da ação da transcriptase reversa. A transcriptase reversa é notadamente uma enzima que comete muitos erros. Esses erros são conhecidos como “mutações”. O SIV e o HIV são vírus muito mutáveis.

Provavelmente há séculos o SIV infecta seres humanos nas florestas da África subsaariana, principalmente homens jovens que caçam macacos selvagens para comer. O neocolonialismo europeu na África intensificiou essa prática, já que as tribos nativas africanas perdiam cada vez mais terras cultiváveis e se enfiavam cada vez mais para dentro das matas não cultiváveis e dependiam de fontes alternativas de alimentos.

Como o SIV passou para o ser humano? Através do contato do sangue símio infectado (o SIV pode ser bem prevalente em algumas populações de macacos) com uma mucosa ou ferida aberta no caçador humano (o sangue espirra no olho ou em um corte de faca, por exemplo).

Acontece que esse vírus símio não era hábil no corpo humano, por isso não havia grandes repercussões. Ele era acostumado com chimpanzés (ou gorilas, ou mangabeis), mas não com Homosapiens.

O ser humano infectado podia nem ficar doente ou ter apenas uma síndrome gripal pouco notável. Mais que isso, ele podia passar o SIV para outros humanos. Nessa época (início do século XX), estima-se que quase metade dos homens jovens de algumas tribos africanas possam ter sido infectados com o SIV.

Com muita gente infectada, havia muito vírus circulando e, não sei se você lembra, eles eram altamente mutagênicos. Era questão de tempo até surgir um vírus que fosse competente em infectar e adoecer seres humanos.

Tanto é que isso não aconteceu nem uma nem duas vezes, mas pelo menos quatro. Pelo menos quatro vezes surgiu “o” HIV a partir de mutações das diferentes cepas de SIV. O SIV especializado em chimpanzés deu origem ao HIV-1 tipo M (de “main”, i.e. “principal”) o sorotipo mais responsável pela pandemia de HIV/AIDS no mundo. Outros SIVs (especializados em gorilas e mangabeis) deram origem a outros tipos de HIV-1 e ao HIV-2.

Das florestas do Congo o vírus chegou a Léopoldville, uma colônia belga cheia de homens solteiros e prostitutas, ambos grupos com altas taxas de uretrite e sífilis. Era o que o HIV precisava para prosperar.

Isso foi na década de 1910. Descobrimos os primeiros sinais da AIDS apenas em 05 de junho de 1981, com a publicação deste documento: Pneumocystis Pneumonia — Los Angeles. O HIV já estava espalhado pelo mundo.

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