Uma viagem pelo Brasil com as escritoras brasileiras contemporâneas

Eu tenho um convite muito especial para você. Já pensou em conhecer todas as regiões do Brasil? Não, isso não é uma chamada para alguma promoção que vai levar você e mais um acompanhante para os melhores hotéis do país. Primeiro porque a pandemia não permite, segundo porque a viagem é individual, assim como foi a minha.

No começo de 2019, me mudei pra São Paulo como muitos publicitários por aí. Mas no meu caso, o publicitário que estava realizando o sonho de trabalhar em uma agência grande era o meu marido. Eu, em contrapartida, havia desistido da profissão um pouco antes e vinha meio perdida e determinada a cuidar da nossa filha em tempo integral.

Em uma cidade nova, me grudei ainda mais aos livros, uma paixão antiga. Era a primeira vez desde os 17 anos que eu não trabalhava. E ler sempre foi uma forma de me conectar comigo mesma. Foi aí que um dia eu comprei dois livros que mudaram a minha vida. O primeiro se chama “Assim na Terra como Embaixo da Terra”, da Ana Paula Maia, e o outro “O Peso do Pássaro Morto”, da Aline Bei. Se você é um leitor, sabe que tem leituras que mexem com a gente de um jeito que é humanamente impossível ficar calada. E foi justamente o que aconteceu. Meus dois livros rodaram a casa dos meus amigos e todo mundo falava a mesma coisa “Como que eu não conhecia esse livro antes?”. E não apenas o livro, como também as escritoras.

Depois dessa paixão fulminante (aqui me permito até ser brega), tudo o que eu consegui pensar era em quantas outras escritoras brasileiras contemporâneas tinham publicado livros incríveis e pouca gente conhecia. Para você ter uma ideia, Aline Bei e Ana Paula Maia foram vencedoras do Prêmio São Paulo de Literatura, são grandes nomes brasileiros, como eu não conhecia antes?

Foi com esta vontade e curiosidade que eu criei, há 1 ano e 4 meses, o projeto Novas Clarices (@novasclarices) no Instagram, para valorizar, divulgar e ajudar a dar voz a essas mulheres por meio de resenhas, biografias curtas, cobertura de eventos e, a partir deste ano, comecei a entrevistar cada uma delas. Foi lá que conheci muitas histórias que me fizeram acordar e mudar completamente a forma como eu me enxergava, como enxergava o meu país e até o mundo.

Uma das primeiras coisas que ouvi quando criei o projeto foi que ele teria uma vida muito curta, pois não haviam tantas escritoras brasileiras assim. E percebi que isso não poderia estar mais errado. O Brasil tem uma safra incrível de escritoras, e não falo apenas de Clarice Lispector, Hilda Hilst, Cecília Meireles, Cora Coralina, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis e outras que já nos deixaram. Nossa literatura está longe de viver apenas do passado. Temos grandes nomes no presente, de todos os cantos do país. Quer um livro de contos para devorar em uma sentada? Tem o “Redemoinho em Dia Quente” da Jarid Arraes, o “Amora” de Natalia Borges Polesso e “Flor de Gume” de Monique Malcher. Quer um livro para chacoalhar você e tudo o que acredita? Tem “Holocausto brasileiro” de Daniela Arbex. Quer viajar enquanto lê? “O Clube dos Jardineiros de Fumaça” e “Todas Nós Adorávamos Cowboys” da Carol Bensimon e “De espaços abandonados” de Luisa Geisler. Quer ler sobre a pandemia? “Ana de Corona” de Gisele Mirabai. Quer ir pro fundo do mar? “As Águas-vivas não Sabem de Si” de Aline Valek. Ama poesia? “Um Corpo Negro” de Lubi Prates, “Desterro” de Camila Assad, “Livro das Semelhanças” de Ana Martins Marques. Sério, existem escritoras brasileiras maravilhosas para todos os gostos.

Agora, vamos relembrar o começo desse texto. Lembra que eu falei sobre conhecer o Brasil? Só nessa pequena e rápida lista, passamos por Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Sul, Pará, Brasília e São Paulo. Porque, apesar da maior parte das escritoras publicadas acabarem sendo do eixo Rio-São Paulo, temos escritoras incríveis em todos os lugares. E é justamente o que pretendo fazer nesses primeiros posts aqui no Update or Die. Uma viagem pelo Brasil, destacando as escritoras de cada uma das regiões.

Em uma das entrevistas que fiz no Novas Clarices, a escritora paraense Monique Malcher comentou sobre “como é importante ouvir as vozes de outros estados”. Aquilo mexeu comigo. E quando algo mexe com você, é um convite para tomar uma atitude. Agradeço o convite do Wagner do Update or Die, vamos juntos amplificar as vozes destas mulheres, lendo escritoras de todos os estados e debatendo sobre suas formas de fazer literatura. Lá no Instagram do Novas Clarices e, agora, por aqui também.

Já que a pandemia não permite viajar por aí, que tal viajarmos juntos pelo Brasil por meio da literatura?

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