Among Us e o valor de um bom MVP

Se você joga ou gosta de acompanhar notícias sobre games, o Among Us dispensa apresentações. Caso seja essa a primeira vez que você lê sobre o jogo, não tem problema, eu explico rapidinho do que se trata.

Você está em um cenário espacial, mais especificamente em uma nave. No meio dos tripulantes existe um impostor. Você pode ser um ou outro enquanto vai lidando com as tarefas relacionadas ao mapa do jogo. Simples, não? Veja mais aqui no trailer oficial:

Nos últimos meses, o Among Us vem dominando as conversas no mundo da tecnologia. E não necessariamente apenas pelo jogo, em si. Criado em 2018 pela modesta desenvolvedora americana Innersloth, o game não deslanchou logo de início e ficou restrito a grupos de fãs. Nem por isso, os desenvolvedores deixaram de investir e, em junho deste ano, ele explodiu. Chegou a ser a stream mais procurada da Twitch no Brasil e Coreia do Sul naquele mês.

Os ciclos de feedback, ou seja, o retorno que o público te dá para que você melhore seu produto são valiosíssimos. E é isso que vem ocorrendo com Among Us.

O hype em torno do game aumentou na medida em que youtubers e streamers famosos como Ninja e PewDiePie, lá fora, e Alanzoka, no Brasil, começaram a jogar e transmitir. Neymar jogou, inclusive, e até políticos: nos Estados Unidos, a congressista Alexandria Ocasio-Cortez reuniu mais de 430 mil pessoas em sua transmissão pela Twitch. Por aqui, até o candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, fez uma live de Among Us.

A consultoria Sensor Tower já apontou que Among Us é o game mais baixado em mobile neste ano de 2020. Até setembro, ele já se aproximava de 90 milhões de downloads.

Pesquisando sobre todo o contexto em torno de Among Us e diante de tudo que já foi escrito sobre os motivos que o levaram a fazer tanto sucesso – aspectos comportamentais e conflitos em grupo, coletividade e a necessidade de interação fruto do distanciamento social – faço aqui uma comparação de alguns elementos da história do jogo e a ideia do MVP (Produto Mínimo Viável) conceito comum ao mundo corporativo e às dinâmicas ágeis.

Atenção, isso é apenas uma relativização, mas acho que dá para pontuar algumas coisas legais.

Among Us é simples, porém, funcional. E no caso de um MVP, é muito importante que seja funcional, porque é a partir da funcionalidade que o usuário vai poder lhe dar o maior número possível de feedback
Não necessariamente o Among Us nasceu intencionalmente como um protótipo, mas ele possui elementos que conversam diretamente com o conceito e que podem, de alguma forma, nos ajudar a entender um pouco da dinâmica. Se tivéssemos que definir MVP de forma rápida eu diria que ele é: uma versão simples e barata de um produto e que melhora a cada resposta recebida dos usuários.

Vamos comparar, então, três características de Among Us que nos ensinam sobre MVP.

SIMPLES, mas suficiente para que as pessoas comecem a usar
Comparado com outros jogos e narrativas como um Ghost of Tsushima (o ápice do primor visual), ou mesmo Free Fire e Fortnite, que organicamente são criados pensando no mobile, mas possuem cenários incríveis, Among Us é simples, porém, funcional. E no caso de um MVP, é muito importante que seja funcional, porque é a partir da funcionalidade que o usuário vai poder lhe dar o maior número possível de feedbacks para o ciclo de aprimoramento.

AGREGA VALOR e possui benefícios que retêm os usuários
O elemento interação aqui (no digital e no real) é fundamental, já que foi a possibilidade de lidar com questões como conflitos em grupo dentro do jogo que acabou prendendo as pessoas. Neste caso, a interatividade é um dos valores agregados. Por isso, muitas pessoas jogando e transmitindo ao vivo. Faz parte do jogo. Logo, ainda que o MVP não seja um produto acabado, ele precisar gerar valor logo de cara.

CICLOS DE FEEDBACK que determinam o aprimoramento
Por fim, eu diria que os ciclos de feedback, ou seja, o retorno que o público te dá para que você melhore seu produto são valiosíssimos. E é isso que vem ocorrendo com Among Us, os retornos são a base das melhorias, talvez não na velocidade que os fãs esperam, mas está acontecendo. Em setembro de 2020, por exemplo, os desenvolvedores retardaram o lançamento do Among Us 2 justificando a “necessidade de aprimorar a primeira versão com base no retorno dos fãs”.

Eu diria que a moral da história é pensar que, mesmo um produto simples, lançado e melhorado com rapidez, pode ser um sucesso.

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