“A beleza de ser um eterno aprendiz” (Gonzaguinha)

Talvez seja um grande sacrilégio, mas vale a pergunta: será que daqui a 10 anos sentiremos saudades deste ano de 2020?

Talvez seja um grande sacrilégio, mas vale a pergunta: será que daqui a 10 anos sentiremos saudades deste ano de 2020?

Não dos tristes momentos que estamos atravessando, não da doença que está de tocaia, não do misterioso vírus, não das dolorosas perdas que muitas famílias sofreram. Isso tudo queremos que acabe o mais depressa possível, amanhã se for possível. Queremos que o rebanho esteja a salvo e protegido o quanto antes, lógico.

Saudades do quê, então?

Saudades de tudo o que este regime de restrições e de medo nos ensinou e inspirou em nós. Aquilo que não aprenderíamos, ou não aprenderíamos na mesma velocidade, em qualquer outra época mais normal de nossas vidas. Minha família, em Minas Gerais, quando em situações difíceis costuma dizer: “tropicão também leva pra frente! “

No fim das contas, deixando de lado toda a negatividade desta pandemia, o que aprendemos? Ou, o que reaprendemos?

Aprendemos ou reaprendemos o que é o poder mágico da força centrípeta! Se me permitem essa metáfora. As aulas de Física nos mostram a complementariedade das forças centrífuga e centrípeta.

A primeira nos empurra para fora, nos conduz para o mundo, para a rua, para o mercado, para o cinema, para a escola, para o clube, para a vida externa, enfim. Ela não nos pergunta se queremos, ela nos joga para fora do círculo dos nossos ambientes mais íntimos, por força de nossos compromissos pessoais, sociais e profissionais, já agendados e assumidos.

Antes da pandemia, nós éramos guiados todo dia pelo movimento que a força centrífuga impõe.

Mas, graças à sabedoria da natureza, nós fomos resgatados pela força centrípeta! Que é o vetor que nos empurra para o centro, para o núcleo, para um reencontro com as coisas que talvez tenhamos de mais essenciais em nossa existência.

Foi por isso que milhões e milhões de pessoas puderam olhar com mais atenção para os filhos, ouvir com mais atenção as palavras das esposas e maridos. Que puderam olhar menos apressadamente para si mesmos e para a casa ou apartamento onde moram. Que puderam perceber lascas nos móveis, luminárias que precisavam ser mudadas, interruptores que não funcionavam bem, livros que ainda não haviam lido, panelas que estavam sem o cabo. Foi quando muita gente aprendeu a fazer pão, pudim, doce de abobora, risoto, usar chave de fenda, alicate, furadeira elétrica…

O varejo de material para reforma, construção, supermercados, farmácias abasteceram nossos desejos centrípetos. A internet renovou o sentimento de que não estamos sozinhos no confinamento, há mais gente no mundo, além de nós. O exército alado de motoboys entregadores nos salvou. Salve!

E as marcas que entenderam esse momento centrípeto sairão desta fase mais fortes e desejadas. Que o vírus vá embora! Mas que fiquem esses preciosos sentimentos de crescimento pessoal.

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