O cachorro Bunny e a comunicação entre animais humanos e não-humanos

Quem não gostaria de conversar com seu bichinho de estimação?

Bem, a interação entre animais humanos e não-humanos é um tema recorrente no mundo científico.

Um clássico caso é o de Clever Hans, um cavalo alemão que “fazia contas de matemática”; posteriormente, verificou-se que o equino nada sabia de aritmética, mas possuía uma válida capacidade de ‘ler o comportamento das pessoas’ quando se aproximava do valor correto – algo que abre outras discussões sobre esta capacidade vinculada à Teoria da Mente em não-humanos.

Mas neste texto gostaria de apresentar-lhes Bunny.

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“Bunny” “Loves” “You”

Bunny é um cão da raça Sheepadoodle (um cruzamento entre Poodle e Old English Sheepdog), com pouco mais de um ano de idade e quase 6 milhões de seguidores no Tik Tok, onde sua fama foi construída em vídeos onde “conversa” com sua cuidadora por meio de botões com mensagens pré-gravadas indicando objetos, seres, ações, intenções, entre outros elementos de linguagem.

Sua dona, Alexis Devine, uma artista da cidade costeira de Tacoma, nos Estados Unidos, passa horas interagindo com Bunny em sua sala de estar graças a um conjunto de 70 botões, onde Bunny indica o que deseja (grande parte das vezes coçadinhas… quem nunca?)

https://www.youtube.com/watch?v=2Ek8ir7dNM4
“Help” “Play”

Este sistema, chamado AAC (Augmentative and Alternative Communication), é usualmente aplicado a pessoas com dificuldades de fala/expressão. Mas Alexis começou a treinar Bunny ainda filhote, adicionando um botão por vez, após conhecer o projeto Hunger for Words, da patologista de linguagem Christina Hunger, que vem ensinando sua cachorra Stella a se comunicar utilizando tal procedimento.

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O sucesso de Bunny chamou atenção de pesquisadores do laboratório de cognição comparativa da Universidade da Califórnia, em San Diego, que se interessaram por estudar mais a fundo o comportamento de Bunny e outros 700 animais – entre cachorros, gatos e cavalos – que apresentam capacidades similares.

Além da comunicação em si (questionamentos, intenções e vontades, por exemplo), os pesquisadores estão avaliando a capacidade dos animais não-humanos processarem deslocamentos espaciais (aqui, lá, etc) e temporais (ontem, hoje, amanhã, depois, etc), algo usualmente atribuído unicamente a humanos.

Estamos longe de falar sobre autoconsciência ou metacognição de Bunny, mas seu comportamento também extrapola o condicionamento operante, já que há múltiplas construções de frases com os mesmos elementos.

No início do próximo ano (2021), pesquisadores irão realizar experimentos in loco (na casa dos bichinhos), para se certificarem da acuracidade do que vem sendo registrado em vídeo e do quanto o comportamento de Bunny realmente demonstra intencionalidade (dele, não das pessoas que gostariam muito muito muito que ele falasse :) ).

A investigação irá avaliar o quanto do comportamento de Bunny extrapola uma questão de memória e condicionamento e se aproxima do conceito de comunicação como conhecemos entre humanos. Enquanto isso, se quiser acompanhar estes bate-papos com Bunny, você pode dar uma olhadinha em seu canal no TikTok.

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