7 previsões imprevisíveis para 2021

Prever tendências nesse contexto chega a ser uma loucura. Em todo caso, é importante mapear sinais de mudança

Depois de um ano que mostrou para todo mundo o quanto as coisas são imprevisíveis, é hora de nos prepararmos para 2021, que também promete fortes emoções. A pandemia, essa aceleradora de futuros, continuará entre nós por muito tempo ainda, e serão necessários muitos meses até que a maioria da população esteja vacinada. Em outras palavras, nunca o mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible) esteve tão em evidência. 

Prever tendências nesse contexto chega a ser uma loucura. Em todo caso, é importante mapear sinais de mudança, analisar os processos de transformação em curso e, partir daí, traçar os prováveis cenários para um futuro próximo. 

É o que tento fazer neste meu artigo aqui no Update or Die. Os insights e análises que você vai ler a seguir foram pinçados do podcast 22000 Pés. A cada episódio do programa, eu converso com um convidado ou convidada capaz de prever cenários, por mais imprevisíveis que sejam.

E o bate-papo que inspirou este post foi com o croata Marko Brajovic, arquiteto, designer e curador formado na Universidade de Veneza, com pós-graduação em arquitetura biodigital em Barcelona. 

Pesquisador de biomimética, ciência que se inspira em elementos da natureza (como formas, funções e sustentabilidade) para gerar inovação, ele está focado atualmente na pesquisa de novos formatos de viver e trabalhar. A seguir, você pode conferir um resumo das 7 previsões imprevisíveis para 2021 e, se quiser mergulhar mais fundo dos assuntos, é só ouvir a conversa na íntegra no Spotify: 

E aí, pronto pra vir com a gente tentar enxergar o futuro lá de cima, a 22000 pés? 

01. A força das novas tribos 

Com todas as limitações à socialização em função da pandemia, nos vimos obrigados a selecionar grupos e relacionamentos. Em vez de passarmos a maior parte do nosso tempo com colegas de trabalho, como antes, agora dedicamos mais atenção a familiares, amigos e vizinhos. Esse pequeno círculo, de até dez pessoas aproximadamente, é nutrido por relações de confiança. Em 2020, houve uma mudança do eixo da vida, o que nos colocou mais próximos das pequenas comunidades que escolhemos participar. Esse movimento deve se consolidar em 2021. 

02. Global Village

Esta tendência se relaciona com a anterior, mas tira ainda mais proveito da tecnologia. Em países como os EUA e a França, por exemplo, cerca de um terço da população dos grandes centros urbanos diz ter vontade de morar no campo, segundo pesquisa da Global Web Index. No Brasil, de acordo com a mesma pesquisa, esse número é de 16%, o que considero um índice bem alto. Esse movimento – possibilitado pela internet – diz menos sobre o esvaziamento das cidades e mais sobre a desconexão definitiva entre os locais de residência e de trabalho para muitas pessoas. Este é o ano em que esse fenômeno deve se estabelecer de vez. Não se trata de nomadismo digital, mas de realmente estabelecer novas configurações no nível geográfico entre o trabalho e a vida das pessoas.

03. Arquitetura do tempo-espaço 

O ano de 2020 foi extremamente agitado para o mercado imobiliário, por incrível que pareça. Isso porque muitas pessoas começaram a procurar espaços maiores, de modo a se acomodarem à nova dinâmica da vida, com a casa funcionando como se fosse um hardware que precisa rodar tudo: trabalho, estudo, lazer, atividades físicas etc. E esses novos hábitos consomem não só espaço, mas também o tempo das pessoas, exigindo uma reavaliação da rotina diária. Por outro lado, muitos estão enfrentando dificuldades financeiras por causa da pandemia, e por isso se mudam para locais menores. Independentemente dos motivos, o fato é que a moradia se tornou protagonista no período que estamos vivendo, e este movimento deve continuar em 2021, com empreendimentos imobiliários arriscando novas propostas de uso de espaços e o mercado de construção e reformas bastante aquecido.

04. O boom dos eventos híbridos 

A Covid-19 praticamente desligou a indústria de eventos físicos no ano passado e…ligou a dos virtuais. Para ter uma ideia, segundo a Grand View Search, o tamanho do mercado de eventos virtuais em 2020 foi de quase US$ 78 bilhões. Para 2021, a expectativa é de um crescimento brutal nos negócios e na qualidade dos eventos online. Mas acredito que, à medida que a pandemia for controlada, será a vez de uma nova modalidade: os eventos híbridos, que devem trazer experiências diferentes, complementares e igualmente importantes tanto para o público presencial como para o digital.

05. A explosão do áudio 

O consumo de conteúdo em telas cresceu absurdamente com a pandemia. Tão absurdamente que até surgiu o termo “Zoom fatigue”, a fadiga de Zoom. Isso deve favorecer a expansão do uso da voz como meio de aprendizagem, entretenimento e socialização, seja por meio dos podcasts, seja trocando aquela reunião em vídeo que você não agüenta mais pelo bom e velho telefonema. Coloco muitas das minhas fichas no avanço do áudio em 2021. E não só: também aposto no surgimento dos eventos virtuais só de áudio. Anota aí!

 06. Consumo consciente

A ideia de consumo consciente avançou várias casas no ano passado, e tende a ser reforçada em 2021. Com a pandemia, surgiram diversas campanhas de incentivo ao pequeno comércio, aos produtores locais e empreendedores independentes. Esse movimento deve crescer ainda mais a partir de agora, com desdobramentos importantes também em relação às grandes marcas. Além da cobrança por equidade racial e de gênero e responsabilidade ambiental, vai aumentar a pressão para que gigantes multinacionais tenham relações saudáveis e justas com toda a sua cadeia de produção.  

07. Atenção com a saúde mental

Infelizmente está é a mais previsível das tendências: a busca pela saúde mental. Estresse, dificuldades financeiras, problemas de saúde e alta exposição às telas, entre outros males, estão fazendo a humanidade adoecer de ansiedade e depressão. Uma em cada quatro pessoas no planeta foi ou vai ser afetada por algum tipo de doença mental ao longo da vida. Para piorar, dois terços das pessoas com problemas de saúde mental não recebem tratamento. Com a pandemia, os riscos desse tipo de doença se acentuaram. O aspecto positivo é que o isolamento abriu espaço para a consolidação da teleterapia, ampliando as possibilidades de atendimento a um número maior de pessoas. Devemos ver esse movimento ganhar velocidade em 2021. 

Esse é só um resumo com as ideias gerais do bate-papo no podcast. Se quiser se aprofundar mais, pode ouvi-lo na íntegra aqui. Espero que os insights sejam úteis, inspirem reflexões e ajudem você de alguma forma no planejamento para 2021.  

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