Ao longo de 8 temporadas (2006 a 2013) fomos levados a torcer pelo vilão de vilães: o serial killer que mata exclusivamente seriais killers. E as primeiras temporadas foram primorosas em construir um personagem profundo, inquieto, de alma sofrida pelo impulso de matar, discreto e que encontrou o caminho pra dar vazão à sua sede de sangue que tivesse suas justificativas.
Dexter, interpretado por Michael C. Hall, foi aos poucos perdendo sua consistência. De um meticuloso assassino que investiga, caça, aprisiona, mata e descarta o corpo de seriais killers que escaparam da justiça; ele passa a ser descuidado, desleixado, perde suas regras internas incutidas pelos diáologos profundos com seu pai, à época em que este percebe no filho o instinto assassino e decide direcionar essa pulsão a outros assassinos.
“Nunca seja pego”. É a regra geral. E a partir dessa regra, Dexter – apesar da ânsia por querer matar logo o próximo assassino de sua lista – investiga, planeja todos os detalhes e álibis que evitem deixar qualquer suspeita do crime. Trabalhando como fotógrafo na própria polícia, ele conhece os métodos de investigação e sabe que não pode deixar nenhum vestígio.
Esse mesmo meticuloso assassino que ganha o coração da audiência pelo seu auto-controle e inteligência, vão se transformando em desleixo e descontrole, conforme as temporadas vão avançando, o que acaba por “matar” a essência do personagem, e mesma essência que o fez ser tão querido (se é que se pode dizer que um assassino possa ser querido).
Adentrar em sua psique, faz seus telespectadores criarem uma empatia com o personagem, de forma que passamos a torcer pela “justiça” que ele faz ao pegar outros assassinos que escapam da polícia. É exatamente esse Dexter profundo e cuidadoso que vai, episódio a episódio, sendo assassinado por seus criadores, em um desenrolar frustrante que termina, na 8ª temporada, com grande decepção.
Mas aqui está a chance de redenção. Uma 9ª temporada já tem seus teasers anunciados.
O revival da série já começa com o pé direito, livrando-se daquela barba de lenhador que Michael C. Hall vestiu da última vez, e este novo teaser (no vídeo lá do topo) mostra um Dexter com a cara limpa de pelos que estamos acostumados, e tentando viver uma vida pacífica em uma pequena cidade, circulando por aí com o nome de Jim Lindsay.
Em suas passeadas por aí, o novo Jim encara um conjunto de facas expostos em uma vitrine e dá um suspiro. Toda a tensão que sabemos existir – a crise, a abstinência por sangue – vem à tona com esse seu suspiro. E é exatamente pelo suspiro que presumo: a nova temporada deve trazer de volta essa profundidade do personagem, um mergulho no sombrio em sua alma, que na face expressa um sorriso simpático, e no coração um turbilhão de dúvidas, culpa, planos e pensamentos sobre sua próxima vítima.
Pelo menos sou levado a acreditar assim. Tateio as pistas dadas pelos teasers, na esperança de que – por favor – redimam nosso querido Dexter, o personagem merece esse retorno a ser quem sempre foi.
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