Ficar olhando para sua imagem no Zoom pode ter consequências para a sua saúde mental

Você mesmo, te encarando, o dia inteiro. Saudável? Não.

Nos últimos anos, todo mundo acabou passando bem mais tempo em programas de bate-papo por vídeo, como o Zoom e o FaceTime. Esses aplicativos emulam os encontros pessoais, permitindo que os usuários vejam as pessoas com quem estão se comunicando. Mas, ao contrário do que acontece no mundo real, nesses programas você enxerga seu rosto o tempo todo.

Sua rotina foi de um espiada ocasional no espelho durante o dia, para uma presença fixa e constante de você mesmo, na sua frente, por horas e horas.

Psicólogos estudam já há algum tempo essa questão do foco excessivo na aparência, principalmente em mulheres – e as consequências desse escrutínio constante. Aquela “conferida” no visual pode escalar rapidamente e virar uma obsessão, cultivada em qualquer superfície reflexiva. Outro dia vi uma pessoa caminhando por entre carros em um estacionamento e ela simplesmente conferiu seu reflexo em todos os vidros, de todos os carros que estavam em seu caminho.

Objetificação e autoobjetificação

Objetificação é uma palavra da moda, mas o significado é bastante literal: ser visto ou tratado como um objeto . Isso geralmente vem na forma de objetificação sexual, onde corpos e partes do corpo são vistos como separados da pessoa à qual estão ligados. Os anúncios estão repletos de exemplos disso, onde close-ups de certas partes do corpo são frequentemente mostrados para ajudar a comercializar um produto, como um perfume estrategicamente posicionado entre os seios da modelo.

Os corpos das mulheres são tratados como objetos com muito mais frequência do que os dos homens, mas essa cultura não é alimentada apenas por homens, como se conclui erroneamente e com frequencia. As próprias mulheres se impõem um padrão de aparencia perfeita perante outras mulheres e assim acabam inconscientemente internalizando a ideia de que são objetos. Consequentemente, as mulheres se autoobjetificam, tratando-se como objetos a serem olhados.

Enfim, a questão é que qualquer ser humano (mas especialmente as mulheres) se abala com esse aumento de conscientização da própria imagem.

Os pesquisadores também investigam o quanto essa percepção da própria imagem interfere em performance, do ponto de vista cognitivo, emocional, comportamental ou fisiológico. É como se você subisse em um palco e desse de cara com você mesmo, sentado alí na primeira fileira. Na verdade é pior: é como se você estivesse nessa primeira fileira, olhando para o outro você do palco e avaliando como está se saindo perante as pessoas da platéia. Pressão!

Pesquisas mostram que estar perto de um espelho , tirar uma foto de si mesmo e sentir que sua aparência está sendo avaliada pelos outros aumenta a auto-objetificação. E quando você faz login em uma reunião virtual, está basicamente fazendo todas essas coisas ao mesmo tempo.

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