A incrível experiência de assistir “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”

Estreia da semana o filme é o verdadeiro multiverso da loucura.

Seja nos filmes de super-herói, como Doutor Estranho, ou nos desenhos animados feito Rick and Morty, o multiverso de “Tudo Em todo lugar Ao Mesmo Tempo”, que chegou aos cinemas do Brasil, é completamente diferente de algo já criado porque reserva para si uma boa dose de realismo. Muito disso vem de uma das mais complicadas e piores perguntas sem respostas que alguém pode fazer: “e se…?”. 

Ainda sem saber de todas as possibilidades que poderiam ter mudado sua vida, a ótima Michelle Yeoh (que fez O Tigre e o Dragão), é Evelyn, a dona de uma lavanderia meio decadente e com um baita problema com a Receita Federal. Pra completar, sei pai é um mala sem alça bem marrento, e o marido é tão bonzinho que ultrapassa o limite da paciência. A relação com a filha, Joy, também é péssima. 

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Evelyn detesta tudo que vive. A coisa muda quando uma versão de seu marido aparece durante a entrega dos documentos para a auditoria do fisco, e conta a verdade: ela é a única capaz de salvar todos os bilhões de universos da completa destruição de uma força estranha. 

Há uma lógica interna, mas a explicação nem de longe precisa ser detalhada para que se entenda onde “Tudo Em todo lugar Ao Mesmo Tempo” quer chegar. 

A filosofia criada pelos diretores Dan Kwan e Daniel Scheinert (conhecidos como os “Daniels”), é de que uma simples decisão cria uma ramificação da sua realidade, instantaneamente criando outro universo. 

Swiss Army Man Interview with Daniel Scheinert and Daniel Kwan cropped
Dan Kwan e Daniel Scheinert

A dificuldade de manter as engrenagens do roteiro girando sem que cause confusão ou enfado eram enormes. O tempo todo a dupla de diretores adiciona novas camadas de significado. O que sai da cabeça deles é um turbilhão de referências pop, filosóficas e sensoriais, que tornam a experiência de assistir o filme uma espécie de frenesi. 

Evelyn viaja de um universo para o outro atrás de uma solução ao mesmo tempo em que vê o quanto suas outras vidas são mais interessantes do que a que ela tem agora. Em uma dessas versões, ela é uma atriz de filmes de ação. Em outra, uma chef renomada. Ou ainda uma lésbica que tem dedos de salsicha e vive um romance com até então a algoz editora do fisco, vivida pela ótima Jamie Lee Curtis. 

Se uma repartição pública e uma lavanderia são ambientes pouco cativantes, é aí que o roteiro e a direção hiper criativa dos Daniels acham a emoção da história. 

No meio de tantas camadas, o ponto simples de “Tudo Em todo lugar Ao Mesmo Tempo” é que qualquer viagem de Evelyn, qualquer método ou ideia para fugir da inevitável destruição do multiverso de sua vida, culmina no mesmo lugar, em um círculo que gira sem que ela entenda qual foi o erro que originou a pior versão de si mesma. 

tudo em todo lugar

Absurdo, por vezes bobo, e muito emocionante, “Tudo Em todo lugar Ao Mesmo Tempo” se mostra uma reflexão sobre as relações humanas. 

Em cada cena de luta maravilhosamente bem coreografada, em cada novo questionamento levantado pelos “e se…”, a cada nova tentativa de contornar a terrível ideia de que a vida é um minúsculo momento de alegria, o que Evelyn descobre é que não é a possibilidade de viver outra vida que é encantadora. O barato mesmo é tomar decisões que tornem os momentos minúsculos realmente importantes.  

E só dá pra fazer isso quando não há regras, quando o “e se” deixa de ser uma indagação frustrada e vira quase uma piada. Não importa quantas possibilidades a vida pode ter, se for pra viver neste planeta, que seja assim: com tudo de fantástico que ele pode oferecer, sem fugir da magia que há em todo lugar e com uma certa certeza de que não existe hora certa. Tudo acontece ao mesmo tempo. 

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