A música é cura e não custa nada

Como você se sente depois de cantar? Uma pergunta simples, para uma resposta profunda. O projeto “Sing with me for free” é sobre isso.

Você sabe, eu sei, que a música não é algo leviano. Cheia de estilos, maneirismos e catarses, a matemática das notas compõe altos e baixos tons que nos elevam e derrubam com um simples acorde. A música é racional, tem seu composto de fórmulas e estruturas quase como uma boa aula de química orgânica mas, é neste orgâncico que a música ganha entornos e contornos que nos abraçam. É lúdico, é sensorial, “é” apenas por ser, algo transcendente de um estado físico a outro de espírito, passagem da metaformose de Kafka para a comunhão.

É expontanea nossa reação frente a esta comunhão entre música, músico e platéia. De programas que incitam vozes programadas para o showbiz, até mega-eventos que cantamos Beatles mesmo “só” tempo Paul, não há movimento artístico em que a música não complete aquilo que nos falta a cada copo meio vazio e que não transborde uma cura momentânea, mas real. 

Se até os filmes mudos se serviam de um enxoval musical, se os surdos se esbaldam com as vibrações, não há motivo nesta terra que iniba a inquietação satisfatória da música.

Há, assim, aquela janela aberta entre o momento em que você se percebe imerso em melodias e o último compasso que encadeia a interpretação da fresta que escancarou aquela situação. Quem de nós, na Av. Paulista em São Paulo, ou em feirinhas de rua em qualquer Brasil, que não fomos fisgados pelas cores harmônicas de uma guitarra distante, ou um violino choroso clamando atenção e paramos para dar uma chance ao ego alheio e a nossa própria ilusão. 

O projeto “Cante comigo de graça”, que na sua simplicidade se propõe a fazer parte da jornada de todos os parágrafos anteriores, leva um microfone e um violão pra rua. O violão é mero artifício para que se preencha o vácuo à frente do pedestal. Sentado ou em pé, Reggie, extende o convite a quem vier, sem raça ou credo que impessa a expressão artística de quem é aspirante emocional, ou seja, todos nós, sem excessão.

Criado em 2018, vemos em seu canal do youtube o que apenas o anonimato permite. Desencontros entre a vida e a coragem. Sem expectativa ouvimos em cada música interpretada uma história, sem ensaio, um improviso como a nossa própria reação.

O vídeo abaixo foi o qual me inspirou a escrever este post e compartilhar com vocês um pedaço de alento neste bolo de caos que está nossa vida.

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