Discordar pode ser bom! Porque deveríamos aproveitar melhor nossas discussões

Discordar não é fácil. Dá trabalho, precisa raciocinar. E, infelizmente, estamos no prezinho da argumentação.

Hmmm, vai precisar discordar? Tudo bem! Engraçada essa impressão errada de que os “bate-bocas” acontecem sempre por posições contrárias, quando na verdade a fervura tem muito mais a ver com a maneira como as pessoas escrevem. O problema não é o preto ou o branco. É o cinza. A incompatibilidade intrínseca entre as ideias está ficando em segundo plano, escondidas na falta de habilidade das pessoas na hora de defender posições contrárias.

A discordância, que deveria ser reverenciada como A grande aliada na formação de opinião, é diariamente consumida pelas chamas. Minha mãe me ensinou que quando a gente perde a linha, acaba perdendo também a razão.
Em outras palavras, se alguém resolver dizer que o sol gira em torno da terra e você chamá-la de imbecil, você (1) perdeu a chance de ajudar alguém (quem é que pára para pensar diante de um insulto?) ou (2) perdeu a chance de deixar quieto, porque sua grosseria vai ficar alí exposta por muitos e muitos anos. Para os seus filhos, por exemplo, que um dia podem ter curiosidade de dar uma Googada no seu nome para ver o que/e como seu pai/mãe escreviam.

Saber discordar não é fácil. Não é MESMO. Dá trabalho, precisa raciocinar MUITO para organizar e embalar as ideias de um jeito claro. É uma habilidade e requer aprendizado e prática. A gente sabe que para construir uma ponte é preciso estudar anos de matemática, mas acha que para construir argumentos é só sair falando. Esse ping-pong filosófico é racional por natureza. A emoção deve ser usada com parcimônia, apenas para temperar. Pode sim vir com uma pitada de indignação, mas no mesmo instante que você passa do limite e “apela”, toda a sua argumentação desmorona.

Até passei a limpo a pirâmide da hierarquia da discordância do Paul Grahan (que vamos usar para encerrar o papo lá no facebook quando alguém apelar). Olha como um ponto de vista contrário vai ficando mais forte conforme a maneira como é embrulhado:

(clique na imagem para ampliar)

discordar

(guarde essa imagem para responder gente que apela nos comentários por aí)

O dia em que a maioria das pessoas estiver no topo dessa pirâmide, vamos acelerar pra valer e evoluir mil anos em dez. Vamos aprender uns com os outros de fato, sem intermediários. Sem Fla-Flu.

Você deve concordar com tudo? Pelo amor de Deus, não.

Você deve virar uma lady diante de alguém com outra opinião e muitas vezes sem educação? Não! Siga com valentia, mas use a inteligência para se defender.

Um truque bom é lembrar que a intenção desse embate é desafiar os argumentos para descobrir o que pára em pé. Você desafia um raciocínio, não um oponente. É ideia vs ideia.

Se pretendemos nos vangloriar dos tempos modernos em que vivemos e do privilégio do livre trânsito de ideias, tá na hora de aprender a se manifestar do jeito certo, em benefício de todos e não por um prazer individual e narcisista de querer ter razão para posar de incrível. Seja incrível educando, compartilhando, fazendo pensar.

E, por favor, não seja um escroto. Porque quando aparece um grosseirão nos comentários só fica uma certeza: a da falta de educação, em TODOS os sentidos. Apelou é porque não tem repertório para discordar (o que também não é problema nenhum, eu não tenho repertório para discordar da maioria das coisas), mas enquanto amadurece suas ideias, não fique roubando o tempo dos outros com cobrinhas, pregos e raios porque isso não tem efeito prático nenhum e ainda deixa algo de ruim no ar. É um pum mental.

Quer discordar? Respira fundo, se acalma (sei que é difícil, mas vale a pena), desenvolva um argumento e aí sim compartilhe. Se for uma dúvida, compartilhe a dúvida, não uma certeza.

A coisa ficou pessoal? Mude para o modo email e poupe o resto do mundo do seu mimimi.

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