Lovecraft Country – impressões do primeiro episódio

Review sobre o primeiro episódio de Lovecraft Country

Chegou no último dia 16, a nova série da HBO, Lovecraft Country. Inspirada no livro de Matt Ruff, a série é produzida por ninguém menos que Jordan Peele os J.J. Abrams, os grandes nomes do terror e ficção cientifica, mas quem desenvolveu e escreveu foi a incrível Misha Green.

Com uma das cenas de abertura mais incrível dos últimos anos, a série promete muitos sustos, monstros, cenas de ação, referências da cultura negra e da literatura, e reforça a importância da discussão do racismo para os dias atuais.

Te conto agora o que mais marcou nesse primeiro episódio.

Abertura

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Para quem curte monstros, sci-fi, fantasia e cultura pop, essa cena é um prato cheio. Ela vai apresentar todo o tom que a temporada vai ter, e eu achei incrível. Durante a cena temos um voiceover de um monologo de 1950 do filme The Jackie Robinson Story, sobre o primeiro jogador de basebol negro a jogar na liga principal, em seguida vemos o jogador salvar o protagonista, Atticus.

Em seu sonho, Tic, encontra a princesa de Marte, personagem do livro com o mesmo titulo, de Edgar Rice Burroug, que ele está lendo. E podemos ver que ele imagina ela como uma mulher negra, mostrando a importância da representatividade para a tela, e levantando a discussão, como você imagina os personagens literários?

O que mais aparece nessa abertura?

War of the Worlds de H.G. Wells, At the Mountains of Madness de H.P. Lovecraft, The Rosewell UFO Incident, 1947.

Personagens

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O elenco principal conta com Jumee Smollet, de Birds of Prey, Jonathan Majors, de Da 5 Bloods e Courtney B. Vance, que esteve em diversos filmes e séries, como Law and Order: Ciminal Intent. Um trio no centro da ação que não estamos acostumados a ter nas telas, um jovem soldado negro, uma mulher negra, que luta pelos direitos civis, e um homem mais velho negro.

Jumee interpreta Letitia, uma jovem militante, que gosta de fotografar e canta muito bem. Ela já mostrou que é uma mulher forte, e que luta pelo que acredita. Faz uma cena de perseguição de carros de tirar o fôlego.

O tio George é interpretado por Courtney, ele viaja pelo país colhendo informações para seus livros, uma versão ficcional do “Green Book”, onde mostra os lugares onde negros podiam frequentar durante o período.

Jonathan interpreta Atticus, ou Tic, jovem soldado que volta da guerra para procurar seu pai, ele ama ler, principalmente livros de ficção cientifica, pois por eles ele consegue sonhar.

A dinâmica entre o trio é ótima, e deve ficar mais fluida nos próximos episódios, você fica torcendo e vibrando por eles durante todo o tempo. Ainda temos a filha de George que escreve comic books, a misteriosa mulher do carro prata, e o rapaz da mansão, devemos conhecer mais no decorrer da trama.

Música

A trilha sonora é composta por blues, hip hop, e musica clássica. Etta James, BB King, Tierra Whack são alguns dos nomes que embalam as cenas, mas a mais marcante é quando a irmã de Lite, Ruby faz um cover da música I Want a Tall Skinny Papa de Sister Rosetta Tharpe, durante uma block party.

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Discutindo o racismo

É impossível fazer uma série que se passe em um pós guerra, nos anos 50 nos Estados Unidos, e não falar sobre questões raciais. Ainda que o episódio não foque nisso, Misha escolhe os momentos certos para mostrar como o racismo operou na América.

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Para trazer para os dias de hoje, a roteirista aponta para questões de supremacistas brancos. A série também não passa pano para o autor Lovecraft, que por mais que tenha criado obras que influenciaram todo um gênero, era um muito racista e preconceituoso, e deixava evidente em seus textos.

Ele é citado diversas vezes no episódio, mas a cena mais importante é quando Tic está com o seu tio George segurando o livro The Outsider and Others, e lembra do do poema de 1912  “On the Creation of N*****s”.

Sundown towns, eram cidades do Norte do país onde pessoas negras eram proibidas, ainda que não oficialmente, de sair de casa ou estar na rua depois do sol se pôr. O episódio, que leva o nome de Sundown, tenta reproduzir esse momento da história em uma das cenas mais angustiante da tv. Outra sequência marcante é quando durante a road trip, enquanto acompanhamos o trio, temos o somente o áudio ao fundo do discurso incrível de James Balding, “The American Dream and the American Negro”.

Todos esses destaques, ainda que sutis, estão ali para cutucar a audiência, causar o incômodo necessário. São importantes para que gerem discussões entre o público, ainda mais em ano de manifestações e eleições presidenciais nos Estados Unidos.

+ referências

Depois de tudo que citei ainda tem coisa? Sim, tem ainda citação ao Drácula, Elder Gods e Shoggoths, Green Book, Arkham, Massachusetts, Weird Tales, e talvez tenha mais. Ou seja, não da para perder nenhum minuto.

A série já me ganhou e estou ansiosa para o segundo episódio.

Quer saber mais sobre a série? Acompanhe o Lovecraft Country Podcast

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