As Hard Seltzers estão chegando como as “não-cervejas”. Será que pega?

Nos EUA são consideradas como a maior revolução do mercado desde o lançamento das cervejas Light, nos anos 70.

Desde 2017 com a Joví e com mais intensidade desde outubro com a chegada da Topo Chico da Coca-Cola, as “Hard Seltzer” se apresentam ao mercado brasileiro como a “não-cerveja”, uma alternativa à bebida mais amada do Brasil e do mundo. Elas têm um teor alcóolico parecido (entre 4% e 5%), mas teriam como diferencial um número menor de calorias e de carboidratos, apesar de serem feitas à base de suco e turbinadas com álcool de cana de açucar ou de malte de cerveja.

Tá pegando?

Ainda não. Pilhas desse tipo de bebida têm se acumulado nos supermercados e a maioria das pessoas nem imagina do que se trata. Sabem que é algum tipo de bebida, mas ainda não a reconhecem como uma eventual alternativa à cerveja. Mas vai pegar porque tem muito investimento neste segmento.

É uma entrada árdua, em um mercado tradicionalíssimo e não se pode esperar multidões de consumidores do dia para a noite, principalmente nessa época em que a própria visita ao supermercado não é recomendada por causa da pandemia. Mas nos Estados Unidos, por exemplo, onde já circulam há uns sete anos, gigantes como a Bud Light lançaram suas versões da bebida e atualmente compõem um mercado que, estima-se, movimentou 3 bilhões de dólares nos últimos três anos. Na visão de Dave Burwick, presidente da Boston Beer, fabricante da Samuel Adams e uma das maiores cervejarias artesanais dos Estados Unidos, trata-se da maior revolução do mercado desde o lançamento das cervejas Light, nos anos 70.

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As Hard Seltzers no Brasil

A marca joví foi lançada em 2017 nos sabores morango, tangerina, limão e abacaxi, com teor alcoólico de 4,5% e 42 calorias para cada 100 mililitros. Cada latinha, de 310 mililitros, custa 7,98 reais.

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A Topo Chico (da Coca-Cola) surgiu como uma água com gás de mesmo nome, no mercado há 126 anos e venerada por bartenders, que a utilizam no preparo de coquetéis. As versões alcoólicas da Topo Chico vêm em três sabores: morango-goiaba, lima-limão e abacaxi. Sem glúten, são 90 calorias por lata e 4,7% de teor alcóolico. O preço sugerido de cada latinha, também de 310 mililitros, é de 4,99 reais.

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A Verano é da cervejaria artesanal Blondine, de Itupeva, no interior de São Paulo e chegou no começo do ano. Sem açúcar e corantes artificiais e tem 4% de teor alcoólico. À base de ingredientes naturais, não carrega nada de glúten e tem 90 calorias por latinha (com 310 mililitros, cada uma tem preço sugerido de 9,95 reais). Nasceu com quatro variedades. Uma junta tangerina e gengibre. Outra combina limão, maçã verde e kiwi. A terceira leva maracujá, pêssego e manga. E a última mescla amora, morango e mirtilo (cada uma custa 9,45 reais).

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Outra cervejaria que tem uma hard seltzer é a carioca Three Monkeys. A dela, apresentada em fevereiro do ano passado, é a Hintz, com quatro variedades. Uma delas mistura grapefruit, tangerina e limão, tem 5% de teor alcoólico e custa 15,99 reais (310 mililitros).

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Uma nota pessoal aqui no final

Mesmo com mais de 35 anos em publicidade, consegui evitar trabalhar diretamente com produtos alcoólicos durante esse tempo todo, por uma questão pessoal. Acho que a categoria deveria ser mais controlada. No mínimo, com o mesmo rigor dos cigarros.

O consumo do álcool pode trazer consequências sérias para consumidores e suas famílias de carona, porque pode evoluir para o alcoolismo. Esse tipo de produto tem sido consumido cada vez mais cedo, muito cedo, com pré-adolescentes e adolescentes bebendo destilados e produtos alcoólicos a base de cana de açucar, muitas vezes em uma idade em que ainda não conseguem projetar direito as eventuais consequências lá pra frente. Embalagens (lindas!) cheias de frutinhas, clima de verão e refrescância passam a ideia de um produto saudável e inofensivo, o que de fato podem ser, quando consumidos com responsabilidade e moderação, por pessoas que já tenham um mínimo de experiência de vida por este planeta. A maioria de nós passou por aqueles porres adolescentes, não é disso que estou falando, de moralismo. A questão que trago é da eventual covardia de estimulo de um consumo precoce, que pode evoluir para um hábito futuro, que pode trazer consequências.

Resumindo: molecada, atenção com esse tipo de produto. É uma categoria diferente das cervejas, mais próxima dos destilados mesmo. Adultos: tenham isso em mente se você tem um(a) jovem que você gosta por perto. E, principalmente, marcas: acertem target e tom. E não venham com esse papo de que estão fazendo tudo o possível. MUITAS marcas tem tom 100% adolescente na comunicação, incluindo marcas de cerveja bem famosas (não vou falar mas você sabe qual é). Em tempos em que falamos tanto de inclusões, consumos responsáveis e a colaboração das marcas por um mundo (e uma humanidade) melhor, essa categoria precisa de cuidado extra.

Pronto, disclaimer-tiozão feito ;)

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