O termo EIP, do inglês Entertainment Intellectual Properties, ou propriedade intelectual de entretenimento, determina o futuro de muitos games. Dentro do ecossistema, as EIPs são fundamentais para construir franquias que se desmembrem além dos consoles, PCs e mobile, e possam ser muito mais que um jogo, mas um elemento importante de negócios.
De acordo com Bruno D’Angelo, fundador e CEO da WIP, startup especializada no desenvolvimento de propriedades intelectuais, diante do avanço relevante no desenvolvimento e produção de games no Brasil, é cada vez maior a busca por consultoria e um olhar profissionalizado ao desenvolvimento de EIPs.
O Projeto Brasil Games, iniciativa da Abragames com a Apex-Brasil, por exemplo, já permitiu mais de US$ 53,685 milhões em exportações no ano de 2020, considerando a produção de jogos próprios e também prestação de serviços, artes, live, coproduções, consultoria, publishing, dentre outros. “Sob uma perspectiva de negócios, espera-se que marcas e empresas façam a melhor gestão possível desse ativo — ou seja, cuidem para que se extraia o maior valor possível a todos seus stakeholders de uma EIP”, afirma Pedro Pizzolato, sócio da WIP.
Veja abaixo, quatro etapas que fazem de um game uma propriedade intelectual de entretenimento, neste gráfico desenvolvido pela WIP, a pedido do Update or Die:
1
SER ÚNICO
“De alguma forma, seja em sua estória, personagem ou seu universo, o EIP tem que ter algo que o destaca dos demais. Isso não quer dizer inédito – apesar de ser um grande diferencial – mas tem que pelo menos ser algo que, quando publicado, seja pela combinação de elementos ou pelo ponto de vista, crie curiosidade ou interesse de alguma forma. Ser único quer dizer que você pode ser a milésima versão de um mesmo conto, mas algo faz desta versão a primeira ou pelo menos a que não se encaixa nas demais”
EXEMPLO DE GAME: “Design retrô (mas extremamente moderno) do CupHead”
2
CRIAR CONEXÃO
“Se o EIP for apenas único, ele também pode acabar sendo nichado, apenas um grupo pequeno de pessoas irá se interessar, e isso não é ruim, porém o distancia de um elemento importante: a universalidade. Este elemento representa a força que une as pessoas de formas diretas ou indiretas, podem ser desafios mundanos ou histórias pessoais, que mesmo que contadas de forma épica você ainda pode se relacionar – como família, falta de recursos, amores perdidos (ou conquistados) – é um elemento ligado à estória, ligado ao contexto, portanto é algo maior a ser considerado, pode ser o tema, pode ser premissa ou pode ser o território”
EXEMPLO DE GAME: “The Sims talvez seja um jogo que apesar do tempo sobrevive por sua falsa simplicidade, falta de competitividade e semelhança ao mundo em que vivemos”
3
FACILMENTE RECONHECÍVEL
“Nosso cérebro é feito para reconhecer rosto em tudo o que vemos – é uma forma de mecanismo de defesa para encontrar iguais em meio ao caos (florestas ou coisas do nosso passado) e é por isso que você sempre acha que uma tomada está olhando para você. De alguma forma, isso é importante para um EIP: ter elementos que façam que possa se destacar de outros objetos ou ruídos. Seja um som, uma cor, uma escolha de fontes ou mesmo um material, este elemento é algo que serve tanto ao guia de estilo, quanto à qualidade de ser lembrado ou encontrado em meio ao caos, ou ao número infinito de conteúdos que temos hoje”
EXEMPLO DE GAME: “Variado e repetitivo universo de MineCraft. Não importa se é camiseta, brinquedo, video no Youtube, nada é é igual ao mundo low-poly, quadrado e extremamente rico deste game”
4
PASSÍVEL DE EXPANSÃO
“O EIP tem que ser um átomo, uma partícula, uma célula ou mesmo um DNA para algo maior, ou melhor, para várias coisas ao mesmo tempo sem perder sua essência. Os itens todos acima tem que existir não importa o formato, não importa o tamanho, nem o país, nem o investimento: tem que ser o mesmo EIP, que transmite a mesma conexão, que é reconhecível por ser único e universal. É deste elemento que se constroem universos, franquias, licenciamentos e bons negócios. O poder de expandir fala tanto da sua originalidade quanto da sua universalidade, pois se trata da flexibilidade da sua existência, do seu lugar no mundo e talvez seu legado”
EXEMPLO DE GAME: “Assassin’s Creed que tem o mesmo mood em todas edições ou momentos históricos (games, filmes, quadrinhos e brinquedos)”
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