Por que estamos perdendo tanto o traquejo social com os outros?

Eu tenho uma teoria. Uma não, várias.

Teoria do “Tá osso!”

Estamos tão cansados e isolados por conta da extensão da pandemia, que a falta de socializar com outras pessoas nos deixou sem vontade de socializar com outras pessoas. Louco, né? Também penso que sim. Mas é fato. Com a pandemia fora de controle ainda por aqui, a gente ainda enxerga o outro ou a outra como vetor de transmissão do coronavírus, aí aquela conexão despretensiosa pra ampliar nosso círculo, independentemente de onde isso irá nos levar – parceria comercial, amizade, date ou zero –, vira um zero sim, zero vontade de interagir. Ô, desgraça!

Teoria do “Buguei”

Quem aqui tem noites de um sono só? Aquela que você deita a cabeça no travesseiro e pimba: oito horas depois, acordou na mesma posição, linda e serelepe. Eu também não estou. Eu, você, tua vizinhança, o país vizinho. Afe!

O Instituto do Sono publicou um estudo no ano passado onde 55,1% de 1.600 entrevistados afirmaram estar com problemas no padrão do sono. Dormir mal deixa a gente numa inhaca que não há café, nem Red Bull que traga nossa good vibe de volta! Logo, as chances de você faiscar quando cruza com alguém estão muito mais propensas para os ruídos do que para a afetividade.

Teoria do “Xô impostor, vaza impostora”

Nossa, esta é um caso sério. Os neurocientistas e terapeutas devem ter explicações muitos mais precisas pra este ponto, a minha é mais simples – não simplória. Criamos expectativas em relação aos outros. É inevitável. Pior, insuportável. Imaginamos situações, esquisitices, encucamos. E não. Não é a realidade. Nem sempre é. Quase nunca é.

Tá. Tem a nossa intuição que vale e deve ser seguida. Mas muitas vezes pensamos em tantas, tantas coisas sobre o outro, a outra, que naturalmente nos boicotamos. Não ligamos. Não respondemos. Não encontramos. Não conversamos. Zeramos.

Teoria do “Ficou pra baixo”

Tem gente que ama WhatsApp. Eu uso. E aceito suas funcionalidades. Acontece que o aplicativo agora é usado incondicionalmente para fazer de tudo, pedir farmácia, dentista, padaria, pagar, receber, agendar, cancelar, compartilhar documentos etc. Até aí, beleza, consigo administrar. Enxergo o uso para resolver coisas dinâmicas e rápidas, por exemplo. Tipo Pá-Pum. “Vamos ali?” “Vamos.” Conversar pelo WhatsApp, conhecer alguém, paquerar, xavecar. N-ã-o c-o-n-s-i-g-o. Várias mensagens vão surgindo. A lista de contatos vai descendo. Novas pessoas vão te adicionando. Quem dá conta? Desculpa, mas eu não tenho que…

Ao perdermos o traquejo social com os outros, vamos lentamente perdendo aquela vontade de conhecer as histórias das pessoas que cruzam nosso caminho, das descobertas que os encontros nos causam, dos sentimentos que são desabrochados e das conexões que são realmente as que mais importam: as conexões humanas.

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