Lições que a gente aprende na marra – parte 1

Sobre espírito de manada

Seguindo o fluxo natural da existência humana, é através dos pais que logo nos primeiros anos recebemos os mais básicos conceitos e valores da boa educação. Depois disso vem a escola, que também cumpre importante papel no nosso desenvolvimento e em muitos casos ainda tem a contribuição da religião, que agrega mais valor na construção de seres humanos plenos, pois não é de hoje que a ciência atesta o valor da fé.

Só que pais, professores e líderes religiosos são falhos e não sabem tudo. Como diz a música do Legião Urbana, ‘são crianças como você” e é aí que entra a mão ferrenha e implacável dessa instituição chamada “vida”. É preciso estar sempre atento ao que ela tem a nos ensinar!

Muitos anos atrás, num extinto programa da tv Cultura, ouvi pela primeira vez a expressão “espírito de manada”, onde um famoso ator estava sendo entrevistado e, ao responder sobre como era o seu relacionamento com as fãs, ele deu o pulo do gato:
“Quando uma fã chega sozinha, normalmente ela me aborda com muita gentileza e serenidade. Mas quando as fãs vêm em bando, é sempre pra agarrar, beijar à força, puxar cabelo, rasgar a roupa…”

Desde a primeira vez esse termo muito me chamou a atenção pque, sendo auto-explicativo, me levou a uma viagem interna de auto-análise e também me abriu os olhos para identificá-lo ao redor.

Quem nunca se viu desconfortável fazendo alguma coisa com a qual não se identificava ou não curtia, só para não ser o diferentão e ficar excluído da turma?
Quem nunca se calou diante de alguma situação com a qual discordava, por medo da reprovação alheia?
Quem nunca aderiu a uma modinha besta, só porque todo mundo estava naquela vibe?

Deve ser por causa desse tipo de situação, que tanto estrago provoca na gente, que a maior parte dos terráqueos cresceu ouvindo a mãe dizer: “você não é todo mundo!”
Quanta sabedoria nisso, hein?

Há uma outra frase ótima, atribuída a Bob Marley, que diz o seguinte:

“Vocês riem de mim por eu ser diferente e eu rio de vocês por serem todos iguais.”

A maioria de nós, por pura imaturidade e insegurança, já caiu nessa cilada de se deixar guiar pela maioria, o que é absolutamente normal numa das etapas mais delicadas do crescimento humano, que é a adolescência. Mas a boa notícia é que tudo isso faz parte de um processo e, adivinha? Passa!
A gente muda de fase e vai caminhando rumo ao amadurecimento, até o fim do jogo.

(Ok, alguns se recusam a amadurecer e insistem em acreditar que é possível ser “forever young”, mas isso já é outra prosa! rs)

O grande perigo do espírito de manada é que ele rouba o potencial de pessoas diferentes por natureza, engessa a visão, padroniza comportamentos, anula a individualidade, achata a liberdade de pensar, torna o sujeito escravo da opinião dos outros e é aqui, nesse terreno frágil, fértil e fútil que a manipulação acontece.

marionete 2

Para quem tem um mínimo de autoconhecimento e se vê nessa ciranda é bom lembrar que tudo na vida é escolha, por isso há que se ter coragem para escolher dar o primeiro passo e romper com esse ciclo vicioso.

A riqueza da vida em sociedade é justamente a diversidade de pensamentos, pontos de vista e suas infinitas possibilidades de fazer acontecer, pois é isso que nos leva ao exercício da civilidade, da busca pela tolerância e aceitação das diferenças.

Nada justifica o ato de abrir mão de suas convicções por comodismo ou por covardia e medo de ir contra a maré. Acredite: não vale a pena!
Liberte-se da manada e siga seu caminho, buscando ser coerente com o que acredita ser justo, certo e verdadeiro.

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