Para explorar o universo “open source” educacional

Complementando o post ‘O universo “open source” educacional’, minha intenção aqui é elaborar um pouco mais a respeito de como se pode explorá-lo de maneira mais direcionada.

Apesar da grande disponibilidade, o fato é que a qualidade dos materiais educacionais na internet varia muito. Alguns são excelentes, outros passáveis e muitos dispensáveis. Conhecer alguns critérios usados em curadoria digital pode ajudar muito na hora de separar o “joio do trigo”.

Gostaria de compartilhar 3 deles – peço que considere como dicas para avaliar um material ou como metas, se por acaso estiver interessado em desenvolver um recurso / ferramenta educacional open source.

1) O material deve encorajar a querer criar e não apenas a ser “consumido”

Deveríamos considerar um material educacional (ou ter a intenção de deixá-lo) tão atrativo quanto uma peça de comunicação, mas sem nunca esquecer que os dois possuem objetivos diferentes – o segundo é atrair uma “audiência”, o primeiro é estimular um aprendizado. Deixar o aprendiz com aquela vontade de colocar em prática o conhecimento disponibilizado é a maior prova da qualidade de qualquer material que pretenda minimamente ser chamado de didático. Este mesmo critério pode ser utilizado para avaliar se aquele texto, vídeo ou curso online que você encontrou, tem potencial para ajudar o seu aprendizado. É claro que, em primeiro lugar, é preciso saber o que se quer fazer com determinado assunto. Depois, deve-se refletir em como aquele assunto se adequa à sua realidade.

Um exemplo para tangibilizar: é comum, em programação computacional, que se aprenda estudando códigos escritos por outros. Mas se a pessoa somente copiar o código, ipsis litteris, ao rodá-lo, o mesmo não funcionará. É preciso redefinir o diretório de trabalho, trocar variáveis, readequar funções, etc.

2) O material deve estimular o aprendiz a interagir

Aprendizado não é algo passivo, em que ficamos “parados” sendo “bombardeados” com informações e conhecimentos. Temos que interagir com o que recebemos para podermos, de verdade, nos apropriar deles. Por exemplo, sou mais atraído por ebooks ou tutoriais online que me permitam clicar, deslizar, escrever, arrastar, enfim, “mexer”. Interatividade gera um engajamento maior.

Interação também está relacionada à reflexão. Este é um passo importante para estimular em si mesmo níveis mais altos de cognição. Comparar o material com outros que já tenha visto, classificá-lo, priorizar o que utilizar, inferir com base nele, criar hipóteses, dentre outros, são meios de estimular a nossa própria capacidade analítica.

3) O material deve encorajar compartilhamentos, comentários e colaboração

Autoaprendizado não significa aprender sozinho, significa saber aprender por conta própria. Aprender por conta própria envolve conhecer o próprio perfil de aprendizagem, envolve planejar o próprio aprendizado, envolve buscar os assuntos e os recursos mais apropriados para a sua necessidade. Nada do que citei envolve necessariamente se “trancar” no quarto ou na biblioteca com o rosto em frente a uma tela de computador (ou página de livro). Um processo de aprendizagem não é uma viagem fácil, sem “turbulência”. Haverá momentos de cansaço, de desinteresse, de não entendimento e de frustração. Compartilhar e colaborar com outros na mesma situação não só aumenta a possibilidade de retenção do que foi visto, aumenta também a motivação para continuar seguindo em frente. Tendo isto em mente, um recurso / ferramenta educacional open source deve dar possibilidade aos aprendizes de compartilharem exemplos, experiências e receberem feedback, nem que seja em um nível mínimo.

De qualquer forma, é preciso ter consciência da sua própria responsabilidade no que diz respeito ao próprio aprendizado. O fato de um material não dar possibilidade para trocar experiência, não quer dizer que o aprendiz deva deixá-lo de lado ou abandonar a prática. É possível associar ferramentas e buscar feedback em fóruns, comunidades, etc.

Um OER (Open Education Resource) é de extrema importância para aqueles que querem exercer o autoaprendizado, mas sua força e impacto podem ser melhor sentidos quando utilizados por um educador como recurso de ensino, seja em um contexto formal ou informal. Essa “dobradinha” – professor e OER – tem o potencial de mudar completamente a percepção que temos do que é (boa) educação.

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