Antes de fazer ações sociais para instituições, olhou para dentro de casa primeiro?

Cada vez mais o consumidor compra marcas que se identificam e tenham valores similares. Em contrapartida as empresas estão cada vez mais se importando com ações sociais e posicionamento. Mas essas mesmas empresas já olharam pra dentro de casa antes?! Porque há muitas empresas que fazem ações enquanto seus funcionários nem benefício tem.

Cada vez mais o consumidor compra marcas que se identificam e tenham valores similares. Em contrapartida as empresas estão cada vez mais se importando com ações sociais e posicionamento. Mas essas mesmas empresas já olharam pra dentro de casa antes?! Porque há muitas empresas que fazem ações enquanto seus funcionários nem benefício tem.

Valores e conexões

As pessoas estão cada vez mais adquirindo produtos ou preferindo marcas por seus valores, ideologia e suas posições sociais. Movimentos como compra de produtos mais naturais, cosméticos veganos (mesmo que por pessoas não veganas), etc. Isso deixa claro que é importante uma conexão entre as marcas e seus consumidores, e não só uma conexão que gere engajamento, mas conexões genuínas e ideológicas.

Hoje não basta para uma empresa dizer que é algo, ela precisa demonstrar com ações práticas que ela vive e aplica o que diz ser. E cada vez mais as pessoas têm acesso à informação e usam isso na hora de aplicar suas escolhas de consumo.

Como o consumidor enxerga isso

O consumidor da marca tem como forma de enxergar os valores dela através da comunicação. 

Ela pode se auto afirmar sustentável ou ecologicamente consciente, mas nem sempre através de conteúdo e isso nem sempre é possível pra fazer o consumidor “comprar” essa ideia. Muitas marcas sustentáveis, inclusive, fazem parte de conglomerados de marca que não tem isso como conduta mas fazem parte do seu guarda-chuva. 

Hoje existem várias opções para um consumo mais consciente e sustentável, e formas de verificar se esses produtos são realmente o que eles dizem ser, o que deveria fazer as marcas se preocuparem com isso cada vez mais.

Custos X conexões

Ser uma empresa verdadeiramente sustentável e demonstrar que se importam é mais caro e exige mais investimento do que as que não estão seguindo esse movimento. 

Toda cadeia de produção deve ser pensada e produzida de forma que mostre seus valores, selos de entidades reguladoras e modificações nos produtos para terem selos que endossam isso exigem um investimento que nem todos podem arcar. E infelizmente algumas vezes as marcas até gostariam de poder atender essas exigências mas não possuem verba para isso. 

Isso não faz com que os consumidores obrigatoriamente não as adquira ou contrate seus produtos e serviços, mas isso limita o target e mas faz com que um grupo de pessoas não comprem delas e até “cancelem” marcas por isso, fazendo o oposto de criar uma conexão verdadeira com o cliente (e seus valores).

Como expressar seus valores?

A comunicação pode ajudar a fortalecer e reforçar a ideologia de uma empresa, mas nada diz mais que atitudes práticas.

Ações sociais que sejam condizentes com seus valores e os expressem são um das melhores formas de mostrar que se importam de verdade, tanto que estão fazendo algo em prol de ações com instituições privadas ou públicas.

Mas deve-se tomar cuidado para que as ações não sejam vazias e aparentem ser só marketing, o que pode virar uma crise para empresa.

Consumidores e seu novo jeito de consumir

Antigamente os produtos eram escolhidos por uma marca reconhecida ou preço. Hoje existem mais categorias de consumidores, mas uma que tem crescido muito nos últimos tempos é a dos consumidores responsáveis. Os consumidores responsáveis ligam diretamente seu consumo a seus valores e ideologias. 

Eles preferem pagar produtos mais caros contanto que sejam naturais, ecológicos, sustentáveis, etc. para apoiar a empresa (que muitas vezes são pequenas), saúde ou valores compatíveis. Um vegano não compraria de uma empresa que usa produto de origem animal ou fazem testes neles, isso porque a ideologia e os valores deles vão completamente contra isso, por exemplo.

Cada vez mais os consumidores estão fazendo listas de restrições para a hora da compra, e não estar entre elas é a intenção.

Ações sociais e ideologia

Estamos em 2021, vivendo um momento pandêmico há mais de 1 ano. Em uma quarentena que aumentou as vendas online em 147% no primeiro semestre de 2020 – segundo a Exame; e que prejudicou a saúde mental da maioria das pessoas.

O desemprego atingiu 14,1% o que representa 14 milhões da população nacional, segundo o UOL esse é o pior índice do primeiro trimestre do ano desde que o acompanhamento foi criado. Muitas famílias perderam entes queridos que eram provedores da casa; muitas empresas faliram e muitos desempregados só têm condições de viver à base de programas do governo. Estamos em um cenário em que nunca vivemos, com os comércios fechados e as pessoas tentando procurar o que fazer para gerar renda.

Esse é um dos grandes momentos em que as empresas que tem condições ajudar a população e apresentar seus valores ao público. Seja apoiando causas que defendem, e caso não tenham nenhuma ainda é um bom timing para encontrar. 

Não adianta fazer ações oportunistas e depois se desfazer delas ou deixar diluir até a empresa esquecer elas existem.

As ações podem ser feitas pra ajudar outras pequenas empresas ou a própria comunidade. Que ganhem destaque e mostre quem são e no que elas acreditam.

Algumas ações de empresas que fizeram ações mais coerentes com a marca:

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O Itaú Unibanco anunciou a doação de R$ 1 bilhão para medidas de enfrentamento da epidemia no Brasil. O projeto recebeu o nome “Todos pela Saúde” e vai ser administrado por um grupo de especialistas. 

O projeto faz parte das outras iniciativas do Itaú Unibanco nesta pandemia, como a doação de R$ 10 milhões à Fiocruz para apoiar a construção de um hospital no Rio; de R$ 8,5 milhões para a aquisição de respiradores; e de R$ 1,5 milhão para aumentar a capacidade de atendimento do Hospital Municipal do M’Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo.

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O iFood anunciou um fundo de R$ 52 milhões para apoiar pequenos restaurantes e entregadores.

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No lugar de cerveja, a Ambev produziu álcool em gel para doar à hospitais públicos nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A empresa já produziu 500 mil unidades de garrafas Pet onde será envasado álcool em gel, e convidou mais empresas para ampliar o movimento. 

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O Burger King Brasil apoiou o Sistema único de Saúde (SUS) com doações por algumas semanas. Ele doará parte de toda receita líquida de qualquer sanduíche vendido no Burger King ou no Popeyes até o final do mês de março/2020 será doada para auxiliar o sistema público de saúde no país.

A maioria das empresas que fez alguma ação no período doaram dinheiro, e algumas fizeram ações que não condizem com seus valores ou negócio. 

Atitudes muito legais e necessárias, mas e a “sua” casa?

Empresas costumam tentar pegar assuntos de interesses comuns e fazem alguma participação para que seu nome ganhe destaque e saia em mídias espontâneas. Muitas delas fazem por realmente se importar com a causa, mas nem todas.

Muitas dessas empresas fazem ações e aparecem na mídia, mas seus funcionários são tratados insalubrimente e não têm tido o mesmo apoio.

A maioria das pessoas está tendo que trabalhar em home office, mas não recebem auxílio por isso (almoço, luz, computador, etc); empresas estão coagindo funcionários a trabalharem em regime PJ (inclusive os que já estão contratados e trabalhando); salários atrasados; trabalham além do horário e não ganhar hora extra ou o fazem pra compensar a queda na renda (motoristas de Uber, entregadores, etc); assédio moral e sexual; RHs que não apoiam e ou intervém; e muitas outras situações com o próprio funcionário. 

Mas muitas dessas marcas estão fazendo doações e ações sociais mesmo lidando assim com seus funcionários.

O RH e os líderes dos setores das empresas deveriam ser mais efetivos em pensar no bem estar de seus trabalhadores:

– Se estão bem;

– Priorizar home office;

– Dar kits de prevenção ao Covid (máscara, alcool em gel, luvas desrtáveis);

– Se preocupar com a segurança deles (ambiente de trabalho, deslocamento);

– Aplicar cursos (digitais) de administração financeira e como se proteger do Covid;

– Conversar regularmente com os funcionários para entender o nível de saúde mental deles;

– Criar fundos para evitar demissões;

– Dar palestras e cursos (digitais) para que executem seu trabalho em segurança com novos protocolos;

– Criar protocolos em caso de um funcionário perder um ente querido;

– Priorizar a saúde, caso o funcionário tenha pego Covid;

E vários outros tipos de ações internas que amenizem esse momento tão complexo.

Antes das empresas se prontificarem a fazer ações sociais, elas deveriam olhar pra própria empresa e seus empregados. Deveriam ver se estão fazendo o que podem por eles e como eles estão, porque esse é um dos melhores jeitos de expressar valor e ideologia.

Ações sociais são importantes, nesse momento algumas pessoas só tem como viver através disso. Mas não adianta SÓ fazer ações pra essas pessoas. Os funcionários da empresa também estão passando por momentos dificeis e devem ser olhados com muito carinho e como forma de mostrar quem a empresa é de verdade. E com isso, poder criar conexões verdadeiras com seu público.

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