Braintrust pra quê? Como a colaboração pode mudar tudo

Quando conheci o Braintrust da Pixar, fiquei encantado e pude aperfeiçoar a forma como troco ideias com as pessoas que trabalham comigo.

Eu sempre odiei a escola. Na verdade eu sempre odiei a opinião das pessoas.

Para mim ninguém tinha nada a acrescentar nas minhas ideias.

Desde cedo, eu sempre quis fazer tudo do meu jeito.

Lembro que minha mãe tinha dificuldades até para me amamentar. Eu mesmo, quando sentia fome, pulava do berço, subia na cama dos meus pais e arrancava o seio dela para fora e fazia a minha refeição, de acordo com a minha vontade.

Não sinto orgulho em dizer isso.

A busca pela autossuficiência me tornou uma pessoa egoísta. E isso me trouxe problemas terríveis, com prejuízos financeiros e emocionais sem medida.

Lembra que eu disse odiar a escola? Sim, eu não consegui escapar dela, pelo menos durante um tempo, até completar obrigado o ensino médio.

Durante esse tempo, para mim era uma tortura.

A sala de aula era uma sessão de tédio, do início ao fim. Raramente eu conseguia algum momento de alegria assistindo alguma aula. Para mim, tudo era lento demais.

Geralmente eu acabava olhando pela janela imaginando mundos paralelos, longe daquela realidade imediata que eu acreditava não servir para nada.

Minha história escolar foi mais ou menos isso que você acabou de ler. Tive um pouco de alegria nos primeiros anos de escola, mas a situação piorou com o tempo. À medida que crescia, meu corpo e mente iam se transformando, e a falta de paciência só aumentava, junto com os hormônios.

Eu matei muitas aulas durante a vida escolar. A quadra de esportes costumava ser um lugar bem agradável, mas não tinha muita graça se eu fosse para lá sozinho. Mas, um belo dia, tive a ideia de me esconder na biblioteca, onde imaginava que ninguém iria me procurar.

Bingo!.

Percebi que não precisava de companhia para me divertir naquele lugar. A biblioteca estava sempre vazia, e havia um constante silêncio gelado pairando no ar.

Para mim era perfeito.

Eu não precisava assistir aulas chatas, e podia curtir todos os livros, sem ninguém para me perturbar.

Com o tempo, a fuga constante da realidade acabou sendo a minha marca registrada. Desenvolvi um instinto para o trabalho solitário e isso me prejudicou muito.

Com toda a modéstia, eu sempre tive muitas ideias boas, mas algumas delas definhou com o passar do tempo, pois eram cultivadas em um solo “monocriativo”, onde se aplicavam apenas a minha interferência e de autores que eu conhecia apenas por ter lido seus livros. Isso é muito triste.

Atualmente, entendi o valor do trabalho colaborativo e o aplico em tudo o que faço. Ainda amo a leitura silenciosa em ambientes gelados. Mas, aprendi a compartilhar conhecimento com o máximo de pessoas, e a fazer perguntas o tempo todo.

O que tenho na mente só tem valor se puder saltar para outras pessoas e voltar para mim diferente, a fim de causar mudanças reais na minha vida e no jeito como vejo o mundo.

Quando conheci o Braintrust da Pixar, fiquei encantado e pude aperfeiçoar a forma como troco ideias com as pessoas que trabalham comigo.

Aprendi que a troca honesta e franca de informações sobre qualquer coisa pode enriquecer uma ideia, um diálogo, um filme, uma escola, uma empresa ou qualquer projeto que você queira desenvolver.

Sinceridade equilibrada é o segredo para qualquer sucesso.

E é impossível haver sinceridade em um trabalho solitário. É no grupo que aprendemos o valor da construção coletiva.

Quando vejo a quantidade de histórias de sucesso da Pixar, por exemplo, consigo perceber o quão valioso é o feedback sincero. E como é importante trabalhar em conjunto com outras pessoas que acreditam em suas ideias, com disposição para ajudar você em todas as correções necessárias.

Afinal, nenhuma ideia é totalmente nossa. E nenhuma ideia nasce e se torna genial nas mãos de uma única pessoa.

Imagine uma ideia brilhante como se fosse uma semente. Se ela não estiver combinada com os elementos certos – solo, fertilizante, água, luz e sombra – ela será apenas mais uma semente que ou será comida por pássaros famintos ou terminará seus dias em um canto seco de uma terra onde nada colaborou para que se tornasse uma imensa árvore, capaz de gerar outras milhares de ideias-sementes.

A colaboração é a essência da criação humana.

Os filmes da Pixar não são apenas fantoches animados. Cada história contada tem o seu valor, a despeito da qualidade gráfica de uma produção. Claro que é maravilhoso ver o fundo do mar perfeito no filme Procurando Nemo, mas o encantamento sempre esteve e sempre estará na forma como a história é contada.

Wall-E é lindo, mas o poder de sedução daqueles olhos eletrônicos cativaram milhões de pessoas pelo mundo porque eles refletiam a paixão que o robô faxineiro tinha pela robô Eva. É impossível ignorar isso.

Todos os filmes da Pixar eram péssimos no início de suas produções. Pelo menos é o que dizem todos os fundadores da empresa. Cada história teve que ser reescrita várias vezes e passar pelo Braintrust até que despertasse a emoções certas. E isso foi o resultado de muitas pessoas trabalhando de forma honesta, gentil e dedicada na ideia inicial de outra pessoa.

Lamento, mas eu ainda tenho problemas com as escolas tradicionais, não posso negar.

E hoje, eu não mais odeio a opinião das pessoas. Pelo contrário, aprendi a amar cada feedback dado com carinho e sinceridade.

Para mim, qualquer pessoa pode acrescentar, de muitas formas, em minhas ideias. Afinal, sem isso, cada uma delas sereia apenas uma semente solitária destinada a virar comida de passarinho.

Ideias compartilhadas são o Estado da Arte para a Criatividade. Basta estarmos com os sentidos atentos e o coração bem aberto.

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