Refrigerantes e sucos com altos teores de açúcares têm perdido apelo ano após ano, o que não é de fato uma boa notícia para os gigantes desta indústria. A solução parece estar em outro tipo de apelo, que ao contrário do mencionado acima, segue cada vez mais forte: o álcool.
A “Simply Lemonade”, que levava este nome justamente por conta de uma suposta pureza de ingredientes, vai virar uma bebida alcoólica. Ou seja, passou quase que de simply lemonade para uma simply caipirinha.
Essa é a terceira bebida da Coca-Cola que recebe álcool na fórmula e reposicionamento no marketing. A justificativa é que existe uma oportunidade de mercado na oferta de uma alternativa que não seja a cerveja ou o vinho, mas é impossível não imaginar que a verdadeira oportunidade esteja no consumo crescente de álcool por adolescentes (e adultos continuam consumindo também, obviamente), que buscam sabores mais docinhos pro esquenta descer mais suave.
Só no ano passado a categoria de bebidas cresceu 53%, o que pode ser ótimo do ponto de vista de negócios, mas revela um triste efeito colateral da quarentena por conta da Covid.
Além do Simply Lemonade, A Coca-Cola tem a Fresca Mixed, um coquetel à base de destilados, que será lançado neste verão em conjunto com a Constellation (STZB), fabricante de Corona. Em em 2020, a Molson e a Coca-Cola começaram a vender o hard seltzer Topo Chico e adicionaram um novo sabor à base de tequila, chamado Ranch Water, este ano.
Nesses tempos de revisões de propósitos de marca, é sempre frustrante testemunhar algumas justificativas de reposicionamento de uma forma pouco crível. Existe sim um espaço para bebidas alcoólicas no mercado, mas associar álcool com marcas e sabores com alto apelo entre adolescentes é desnecessário. Como foi, por exemplo, a edição limitada da “Vodka Lay’s”, com a mesma marca dos salgadinhos, lançada pela Pepsi no ano passado. Al´ḿ de tamb´ḿ ter transformado um de seus refrigerantes mais tradicionais , o Mountain Dew, na “HARD MTN DEW”, uma bebida enlatada sem açúcar, mas com 5% de álcool
Sei que é um post com uma visão crítica, mas quem tem filhos adolescentes e amigos dos filhos por perto, sabe exatamente do que estou falando. Não é uma crítica a um produto alcoólico. É uma crítica a um reposicionamento de produto com implicações potencialmente nocivas a um target velado.
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