Quando eu era adolescente existia o Duran Duran. Eles invadiam a televisão bem quando eu queria ver minhas bandas de rock e metal – ou seja, rock de verdade, não aquela pose engomadinha e a New Wave coxinha dos caras. Pior, não chamavam de New Wave, mas sim de New Romantics. Ferrou.
Bem, eles voltaram. E eu já não escuto exatamente as mesmas coisas – não apenas elas. Parece que eles também não. No mínimo resolveram escutar e seguir a voz dos produtores de seu novo album, “Paper Gods”, que são dois carinhas bem amigos do funk e da black music: Nile Rodgers e Mark Ronson. Aí dá jogo [ caso você não os conheça, Nile Rodgers foi guitarrista e co-lider do Chic, banda ponta-de-lança da disco music; depois produziu alguns trabalhos do próprio Duran Duran como “Wild Boys” e o album “Notorious”, e pouco tempo atrás você o ouviu em sua parceria com o Daft Punk, “Get Lucky”. E Mark Ronson produziu “Back To Black”, Amy Winehouse. Ah, e chamou o Bruno Mars para cantar “Uptown Funk” em seu último album, “Uptwon Special”. Uns xôxos ].
E o Duran Duran? “Paper Gods” saiu em setembro, escuto no Spotify enquanto escrevo aqui. Pop muito bem produzido (tá, já falei dos produtores). Tem baladas, grooves com pegada dance, r’n’b, muitos teclados, tudo pensado para soar diferente da banda dos anos 80 (embora várias melodias insistam em ecoar as composições daquela época). Essa semana saiu o clipe de “Pressure Off”, com um refrão bombadão muito bom, a guitarra inconfundível de Nile Rodgers e os vocais da Stevie Wonder feminina, Janelle Monáe. Tá aí em cima.
Para alguém que desprezava o Duran Duran e ouvia “War Pigs”, escrever sobre eles e ainda dar um play no album deve ser mesmo sinal de muita tolerância adquirida ao longo desses anos.
Mas a pose dos caras continua igual.
Roda o VT.
POR 
ENG