Meu tio, Stephen Hawking e Trump

Talvez, tudo no Universo seja onda e partícula e muitas coisas aconteçam em outras frequências e comprimentos de ondas que não podemos imaginar.

Ele era um sujeito mineiro, alto, corpulento, devia pesar mais de 90 quilos, não aparentava a idade e nem tinha o nosso sangue, mas eu o chamava de “tio” porque aquele homem ajudou a me criar, após a separação dos meus pais, aos meus 9 anos. 

Eu cresci, a gente se mudou do centro de São Paulo e não víamos mais o meu querido amigo Manuel de Mello como antes. As visitas foram ficando cada vez mais esporádicas, até que um dia ele simplesmente sumiu.

Descobrimos que ele havia falecido. Infelizmente, não foram causas naturais.

A solidão de alguém que não teve filhos e a distância da sua verdadeira família acabaram vencendo a vontade de viver.

Mais ou menos dois anos depois dessa tragédia auto infligida, eu sonhei.

Um daqueles sonhos bem lúcidos e sem nenhum tipo de fantasia.

Estávamos eu e minha mãe no apartamento onde morávamos na época, na Vila Mariana, quando a campainha tocou. 

Fui atender. Abri a porta e dei de cara com o tio Manuel.

Vestindo roupas claras, sorridente e com uma ótima aparência. Ali, no sonho, eu tinha plena consciência de que ele não poderia estar na minha frente por uma circunstância óbvia.

Pensei e falei: 

– Manuel?! Mas como?!

– Frederico! (ele sempre me chamava assim) Só vim me despedir!

Rapidamente, com seus passos largos tão característicos, ele adentrou.

Minha mãe, que estava no quarto, veio até a sala e teve a mesmíssima reação que eu.

Eles se abraçaram demoradamente. 

Chegou a minha vez. Abri os braços e o apertei. 

Passados alguns instantes, naquele saudoso reencontro, tudo se fechou. Toda a imagem, os sons e as sensações agora eram apenas escuridão. Eu tentava abrir os olhos, mas não conseguia. Sentia algo enorme sobre o meu corpo, durante aquela estranha paralisia do sono.

De repente, aquele peso foi embora de uma só vez e me peguei sentado na cama. 

Acordei e comecei a chorar. Nesse momento, uma descabelada dona Cida apareceu perguntando o que acontecia. 

Respondi: – Sonhei com o Manuel! 

E pra minha total surpresa, ela disparou: – Eu também! 

Nos abraçamos fortemente, choramos e soluçamos juntos.

Corta de um sonho tão pessoal para o sonho de uma civilização querendo desvendar os segredos da Criação.

Foi no começo dos anos 20, quando o físico francês Louis-Victor-Pierre-Raymond, 7º duque de Broglie (Louis de Broglie para os íntimos), baseado principalmente nos trabalhos anteriores de Max Planck e Albert Einstein, teorizou que as partículas seriam capazes de se comportar, ao mesmo tempo, como matéria e onda. 

A descoberta da dualidade onda-partícula é um dos marcos da Física Quântica.

Os três cientistas citados acima receberam seus prêmios Nobel por seus feitos, mas Stephen Hawking, o mais famoso e influente físico desde o linguarudo alemão, não ganhou a honraria.

Embora tenha dado várias e importantes contribuições à Ciência, como seus estudos sobre os buracos-negros, o Big Bang, a radiação Hawking, a singularidade do espaço-tempo e a sua Teoria de Tudo, foi dito a respeito de seus trabalhos que descobertas científicas teóricas devem ser confirmadas com observações antes que haja possibilidade de receber um Nobel.

Bem, a história que eu contei na introdução deste artigo, pra mim, foi uma “observação” clara da dualidade onda-partícula em um nível da humanidade. 

Nossos corpos são feitos de átomos que, simultaneamente, são onda e partícula. 

Matéria e energia. Corpo e alma. 

As “partículas” do meu tio já tinham se transformado quando a sua “onda” foi autorizada a fazer uma materialização em nossas consciências desdobradas no astral com a única finalidade de realizar uma emocionante despedida que ficou faltando na sua jornada.

Talvez, me metendo também a criar teorias, absolutamente tudo no Universo seja onda e partícula e muitas coisas aconteçam em outras frequências e comprimentos de ondas que não podemos ver e se quer imaginar. Espíritos, seres dimensionais, extraplanetários, multiversos. 

O genial Stephen Hawking mereceu todas as inúmeras glórias que conquistou (como participar de hilários episódios de Os Simpsons e Star Trek), deveria ter recebido a premiação que leva o sobrenome do sueco Alfred e também teria direito a um troféu muito especial por uma de suas últimas afirmações públicas:

“- Estamos perto do ponto crítico em que o aquecimento global vai se tornar irreversível. 

As ações de Trump vão nos colocar à beira do abismo e transformar a Terra em Vênus, com uma temperatura de 250 graus Celsius e chuva de ácido sulfúrico. 

O aquecimento global é uma das maiores ameaças que enfrentamos e que podemos prevenir se agirmos agora. Ao negar a sua existência e abandonar o acordo do clima de Paris, Donald Trump vai causar um dano ambiental inevitável ao nosso lindo planeta, ameaçando a natureza, para nós e para nossas crianças.”

Hawking nos deixou em 14 de março de 2018 e, assim como meu tio, não poderá voltar na sua forma original, mas o ex-presidente dos Estados Unidos pode. O que faz até o mais ateu dos cientistas querer aprender a rezar.

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