O que os (dados) animais podem nos dizer

 

Akane estava nas ruas de Austin durante o SxSW, no mês passado, compartilhando com qualquer um que passasse por ele seus sentimentos. Algumas vezes o víamos excitado, em outras estava calmo ou concentrado em algo e, por vezes, apenas genuinamente feliz. Não devia estar sendo fácil compartilhar sensações tão pessoais com tantas pessoas que queriam interagir com ele. O problema é que Akane, um Corgi japonês fofo, não tinha muita opção: ele era o maior promotor da INUPATHY, uma tech co. investida pela gigante da mídia japonesa HAKUHODO DY.

Com um colar no pescoço, Akane demonstrava em cores o que estava sentindo naquele momento, facilitando a ‘conversa’ entre dono e cachorro e ajudando na medição da saúde do cão. A tecnologia por trás do wearable device mede os batimentos cardíacos de Akane e entende as variações dele como demonstrações de sentimentos.

Mas o cão não é o único animal do mundo andando por aí com novos acessórios pelo corpo. Um artigo do Singularity Hub mostra que na Australia, Pinker Pinker, uma cavalo de corrida, usa um device embaixo de sua cela que captura dados sobre seus batimentos cardíacos, velocidade e o comprimento de suas passadas. Sendo uma espécie de celebridade local depois de ter vencido a W.S. Cox Plate Race – que paga 3 milhões de dólares ao vencedor – Pinker tem seus treinos monitorados para aprimorá-los e, principalmente, detectar doenças e evitar treinamentos exaustivos. Não é raro cavalos de corrida morrerem após uma série de treino quando estavam doentes.

Ainda na Australia, pesquisadores da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation, a agência nacional de ciência aussie, criaram minúsculos aparelhos de GPS que, colocados em abelhas, monitoraram suas rotas de vôo a fim de coletar dados que ajudassem a entender vários fatores relacionados a um colapso em uma das colônias dos animais.

Mélinda também carrega consigo um wearable device enquanto anda pelos pastos próximos de Quebec, no Canadá. Mas, infelizmente, ela não pode nos mostrar o aparelho. Toda vez que ela passa por um ponto de wi-fi um sensor capta dados sobre sua temperatura e o nível de pH direto do seu estômago e transmite para um database local que, então, envia para o mundo todo. É com essas informações que Mélinda, uma vaca Holstein-Frísia, tem sua saúde, qualidade de vida e, consequentemente, sua produção de leite controladas. Também foi com esses dados que se aumentou a probabilidade de sucesso em inseminações nesses animais de 50% para 90%.

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crédito: since20.com

Está crescendo o número de aplicações de wearable ou ingestible devices em animais. Um estudo da IDTechEx, mostra que já existem 141 empresas fornecedoras específicas desse produto ou serviço e que na próxima década devemos chegar a 500 enquanto o mercado aumentará seu valor em 250%. Já foram coletados mais de 30 mil leituras únicas de cavalos como Pinker Pinker em treinos enquanto o dispositivo ingerido por Mélinda é capaz de gerar 21.600 mensurações independentes de pH e temperatura durante os 150 dias que ele dura no estômago de uma vaca.

O que isso significa? Óbvio, mais dados. Com os próprios animais gerando informações sobre eles mesmos e com os possíveis cruzamentos de fontes, avançaremos em pesquisas biológicas e até podemos experimentar uma compreensão maior do comportamento dos animais em relação a outras espécies e à nossa interferência no ecossistema deles. Quem sabe encontrem a resposta do porque gatos me odeiam.


crédito imagem destaque:  CSiro

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