Michael Jackson: e o inédito Xscape

Um disco póstumo é sempre rodeado de desconfianças. Ainda mais quando de um ícone. Uma lenda. Alguém que redefiniu algumas direções na indústria do entretenimento, para sempre.

Penso: é realmente um trabalho do músico ou só mais um caça-níqueis? Ele faria assim ou os produtores mexeram tanto que perde-se, até, as características mais marcantes de sua obra? Ele aprovaria isso?

Com essas coisas na cabeça fui, à convite da Sony Music/Sony Mobile, ouvir o vindouro “Xscape”, disco de música de inéditas do Michael Jackson. Fui cheio de medos e desconfianças, como já escrevi no começo do post, mas (para a minha surpresa) achei o resultado bem bom. Acredito que MJ faria um disco muito mais focado na black music, no funk, no rock e não com tantas batidas eletrônicas e baterias programadas (mesmo com algumas músicas que resgatam boas fases do artista).

O disco será lançado no dia 13 de maio pela Epic Records em parceria com o patrimônio de Michael Jackson (também estará disponível para download para os compradores do Sony – Xperia Z2).

O projeto conta com oito faixas novas que foram escolhidas após uma investigação nesses arquivos. L.A. Reid (Presidente e Diretor Executivo da Epic Records), que obteve acesso ilimitado ao tesouro que representa quatro décadas de materiais com vocais do cantor, foi o curador da lista final de músicas.

Essas gravações foram entregues a produtores, que adaptaram as músicas acrescentando sons originais e contemporâneos. Para esse processo foi dado o nome de “sincronização”. Timbaland, o principal produtor do álbum, foi escolhido (de acordo com Reid) pela seriedade, intensidade e amplitude para se envolver de forma criativa com o trabalho. Os outros produtores envolvidos são: Rodney Jerkins, Stargate, Jroc Harmon e John McClain.

A verdade é que é muito bom ouvir músicas novas de MJ, saber que estava a todo vapor compondo letras boas, estudando novas sonoridades e resgatando muito do que fez dele o Rei do Pop.

Para mim, o presente mesmo é ter essas oito músicas sem a tal da “sincronização” (o pack deluxe virá com um disco só com o que ele mesmo gravou, provavelmente só sua voz e bases simples).

Abaixo, o que eu achei ao ouvir música por música.
Lembrando que foi apenas uma audição e que não tenho pretensão nenhuma de ser um crítico musical:

01. Love Never Felt So Good

(a do post): tire a sua própria conclusão, a conta pra gente :)

02. Chicago:

Melodia vocal ótima (a principal e os backings), ela é bem pop, flertando várias vezes com o eletrônico e o disco. Música para dançar.

03. Loving You:

Começa com um piano bonito acompanhado de um bom groove na bateria, e aí entram batidas de hip hop. A música é boa, mas é muito repetitiva. Você perde as contas de quantas vezes o refrão é cantado. É bem provável que a versão de MJ esteja bem incompleta.

04. Place With No Name:

É a melhor do disco (de longe). Tem sentimento e riffs grudentos (como uma “Billie Jean”). É o melhor trabalho instrumental e o melhor refrão. Pena que usaram tantos sintetizadores, acho que MJ faria um belo rock n roll nesta música, dando destaque para o baixo. Essa é sucesso garantido.

05. Slave To The Rhythm:

Começa épica, bem MJ mesmo. Provavelmente o primeiro single do disco (é a que será usada nas campanhas da Sony e do Sony Mobile). Para mim soa moderno demais, parece um remix feito por DJs para uma música boa do músico. Outra para a pista.

06. Do You Know Where Your Children Are?:

Muito elementos na mesma música. Falta crueza e simplicidade. É a primeira vez, no disco, que temos um solo de guitarra que logo é engolido por barulhinhos. Achei chata.

07. Blue Gangsta:

Começa com sussurros clássicos do MJ, com coros bons, a letra tem profundidade, é uma daquelas que emocionam, mas logo entra uma bateria eletrônica ruim de doer. Também uma faixa com mais cara de remix para a pista de dança. Acho que ele faria outro bom rock n roll aqui.

08. Xscape:

Faixa-título. Tem uma letra ótima e um MJ cantando com aquela raiva característica, bem dançante e forte. É, talvez, longa demais, mas é boa.

Resumindo: é ótimo ouvir coisas novas do MJ. Sinto que faltou celebrar todos os seus estilos, o disco é um pouco repetitivo e falta riffs e refrões grudentos e cantantes (como estamos tão acostumados). De qualquer forma, vale muito o play (sempre).

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