Filmmaker Laurie Anderson and her pet rat terrier, Lolabelle, subject of her film HEART OF A DOG, opening October 21 at Film Forum. Photo by Sophie Calle. Courtesy of Abramorama.

Ué, mas não está no Oscar?

post por Francine Bittencourt

Não, não está.

Até esteve entre os 15 finalistas na categoria documentário, mas não entrou.

Quem se importa?

Eu não.

O melhores filmes (para mim) não são aqueles que ganham a estatueta na cerimônia mais ostentação do planeta. Os melhores filmes (para mim) são aqueles que terminam e a gente não consegue se mexer, enquanto sobem os créditos finais.

São os que fazem a gente ficar ali, imóvel.
Meio pensando na história.
Meio pensando na vida.
Mas pensando.

É o caso de “Coração de cachorro”, da diretora e artista experimental norte-americana Laurie Anderson.

Vi esses dias e não paro de pensar sobre ele.

No meio da tarde do nada, paro e lembro: ah, aquele filme!

Não tinha grandes efeitos, nem um roteiro mirabolante. Mas diferente de tudo isso aí que tenho visto, tinha algo a dizer.

Uma espécie de conselho.
Ou só uma pausa para reflexão.

Só sei que ouvi ele falando comigo.
Alguns filmes falam mais que outros.

O longa começa com uma animação em que a personagem conta sobre um sonho em que está grávida da sua cachorra. Mas ela nunca engravidou do animal, apenas pediu para costurarem ela viva dentro da sua barriga para parir, enquanto ela resistia e latia.

Sim, bastante excêntrico.

Bem mais perturbador do que fofo.

Depois vai ficando mais fofo, mais lindo e, às vezes, até engraçado. A diretora Laurie Anderson fez esse filme para falar sobre a morte da sua cachorra, Lolabelle. Mas, aos poucos, vai ficando claro que é sobre todas as perdas da sua vida que ela quer refletir. A ausência da mãe, a morte do marido, Lou Reed, seu companheiro por duas décadas, que sequer foi citado, mas, para quem sabe do amor dos dois, fica evidente a certeza que ele está por ali.

Uma visão íntima, pessoal e budista sobre a morte que termina num simples questionamento:

“Será esta uma peregrinação?
E se assim for, para onde estamos indo?”

Para mim, digno de todas as estatuetas imaginárias.

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