Os Esnobados do Oscar 2021

Apesar da lista ser uma das mais plurais dos últimos anos, tivemos algumas pisadas de bola da Academia

Na última segunda-feira (15/março), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou os indicados ao Oscar 2021, momento que pseudocinéfilos como eu aguardam ansiosamente, já que a lista em tese serve como uma curadoria do que há de mais interessante para assistir na última temporada. Acaba também, é verdade, inflando os famigerados bolões – que assim como o Bis, o Lulu Santos e o jogo da Amarelinha bravamente resistem às gerações.

E apesar da lista ser uma das mais plurais dos últimos anos, tivemos algumas ausências sentidas aqui e esnobadas acolá. A listinha que se segue é totalmente subjetiva, imagino que aí do outro lado da tela você também tenha se ressentido por algum filme, ator ou atriz ter sido esquecida(o) pelos nobres votantes. Fique à vontade para compartilhar nos comentários!

Sem mais delongas, vamos aos esnobados do Oscar 2021:

Destacamento Blood

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Filme mais recente do sempre esnobado Spike Lee, o longa traz a história de cinco veteranos da Guerra do Vietnã. Todos negros, todos psicologicamente abalados, todos tentando entender por que precisaram lutar uma guerra que jamais foi deles. A Academia, quase que de favor, indicou o filme a Melhor Trilha Sonora, mas poderia tranquilamente ter entrado em Melhor Montagem, Melhor Direção e Melhor Ator, já que o trabalho de Delroy Lindo é soberbo e muito acima de alguns dos indicados. Tem também Chadwick Boseman, muito mais magro, mostrando o imenso ator que perdemos. Para quem ficou curioso, “Destacamento Blood” está esperando por você lá na Netflix.

Uma Noite em Miami

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Sempre que alguém começa a me explicar as regras de votação do Oscar, eu me transformo no meme da Nazaré Tedesco. É tudo tão confuso e muda com tanta frequência, que fica difícil entender o motivo de termos 8 indicados a melhor filme quando pode-se chegar a 10 produções. Ora, se essa é a maior festa mundial da indústria cinematográfica, por que não colocar o máximo de carros na pista principal? Tudo isso pra dizer que “Uma Noite em Miami”, da Amazon Prime Video, poderia tranquilamente ocupar uma das duas poltronas que ficaram vazias. Adaptado da peça de Kemp Powers (responsável também pela animação “Soul”), o longa conta a história do encontro fictício entre o pugilista Cassius Clay, o revolucionário Malcolm X, a lenda do futebol americano Jim Brown e o pioneiro do Soul, Sam Cooke. A direção é da atriz Regina King, outra que acabou injustamente esquecida.

Nunca Raramente Às Vezes Sempre

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O título do filme é assim mesmo, sem vírgulas. Isso porque ele representa as opções de resposta que a protagonista, vivida pela espetacular Sidney Flanigan, pode dar para perguntas extremamente invasivas que precedem o aborto que ela vai fazer em Nova York, a milhas e milhas de distância de sua pequena cidade natal. Temos aqui um filme independente e necessário, que conta uma história tão original quanto corriqueira: a de jovens que sofrem abusos físicos, psicológicos e sexuais e que arriscam suas vidas em clínicas clandestinas para não arcarem com consequências que nunca desejaram. Esse filme-denúncia poderia estar em diversas categorias, inclusive Melhor Filme. Lançado justamente na semana em que o mundo entrou em quarentena, “Nunca Raramente” está no catálogo da HBOMax, que desembarca no Brasil no mês de junho.

Malcolm & Marie

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Provavelmente o título mais polêmico dessa lista, “Malcolm & Marie” foi 100% filmado durante a pandemia, com uma equipe minúscula, uma única locação e apenas dois atores que seguiram à risca todos os protocolos sanitários. Temos aqui a mais intensa e visceral DR dos últimos anos, ombreando com “História de um Casamento”. Talvez por bater forte na crítica especializada o filme foi completamente esquecido pela Academia, mesmo contando com um dos melhores roteiros e fotografias da temporada. E reforço aqui a atuação brilhante e comovente de Zendaya, que aos 25 anos entrega uma performance digna de veteranas multipremiadas. O filme também faz parte do catálogo da Netflix.

Rosa & Momo

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Ibrahima Gueye, Sophia Loren

Mais uma comida de bola do Oscar foi não indicar a maravilhosa produção italiana “Rosa & Momo” entre as finalistas da categoria Melhor Filme Internacional. A história da sobrevivente do holocausto que cuida de crianças abandonadas e filhos de prostitutas é uma das mais emocionantes e bem contadas do ano. Além disso, traz, provavelmente, o último papel da carreira de Sophia Loren, que do alto de seus 87 anos entrega uma performance linda de viver. Poderia até não levar a estatueta, mas imagine vê-la, devidamente vacinada, dando o ar de toda sua graça na cerimônia do dia 25 de abril? Ah, “Rosa & Momo” também está disponível na Netflix.  

Bacurau

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“Você já assistiu Bacurau?” certamente foi uma das perguntas mais realizadas em 2019 por quem é apaixonado por cinema. Isso porque o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles acabou se tornando um fenômeno, gerando um hype semelhante ao que vimos em “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”. Nesse caso, não podemos nem dizer que a esnobada partiu da Academia, já que “Bacurau” sequer foi o brasileiro indicado para a pré-lista de filmes internacionais que é avaliada pelos votantes. Pois eu já vi 4x e sigo aqui aguardando o lançamento do funko do Lunga, enquanto jogo pra torcida: os filmes nacionais que têm chance de fazer história no Oscar devem ser escolhidos apenas por uma panelinha ou um dia o clamor popular terá seu peso?

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