E é sobre isso. E está tudo bem. Mas sobre isso o quê?

A mais nova expressão idiomática surge em 9 entre 10 conversas que ouço ultimamente.

E é sobre isso. E está tudo bem.
Sobre isso o quê? A mais nova expressão idiomática surge em 9 entre 10 conversas que ouço ultimamente.

Ao contrário do “é isso aí” da coca, o “just do it” da Nike (lembra de mais algum?) que são verdadeiras peças de marketing complexas (e completas) em sua simplicidade , o “é sobre isso” é vago, frouxo, uma fuga.

Não. Ele não é uma gíria, não é um novo costume linguístico e nem uma variação adaptativa idiomática.

Ele, se muito, é um descendente do “a nível de”, primo distante do “tipo” , colega de time do “tãnanã” e irmão siamês do “lugar” (esse merece um post só dele)

Muletas comunicacionais para quem trata a própria maneira de interagir com o mundo com o desleixo de uma frase vaga, sem sentido nem compromisso.

Não sei como completar a frase? Mete um “ é sobre isso” .
Não consigo ilustrar meu pensamento – “é sobre isso”.
não consigo fechar meu raciocínio – “é sobre isso”

Preguiça de pensar, de ampliar repertório, de desenvolver vocabulário, conforto cognitivo da pior espécie. vago, raso, fugidio.

O é sobre isso é sobre isso.

Por favor não me entenda mal, amo as figuras de linguagem, os malabarismos do idioma, as evoluções e transformações naturais da maneira de falar e interagir.

Sou um amante do rap nacional e, nele, encontro verdadeiras pérolas do jogo de palavras como por exemplo o clássico “me dá meu brinquedo de furar moleton” do irretocável racionais MCs.

Tento dar meus 10 centavos de contribuição com o “Comunicar é preciso “ expressão que em três palavras demonstra a necessidade e a precisão características da boa comunicação e, ao mesmo tempo, questiona essa desejável precisão demonstrando em sua estrutura uma dubiedade de interpretação da frase, questionando dessa forma a própria afirmação nela contida e com isso mostrando a verdadeira complexidade da comunicação humana (Aposto que vc nunca tinha visto dessa forma né?)

Sugestão: da próxima vez que alguém usar o “é sobre isso” inadvertidamente com você, pergunte: é sobre isso o quê?
E saboreie o momento.
O é sobre isso, é sobre nada e não, não está tudo bem.

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