Com o ótimo AFRODHIT, IZA dá novo passo na carreira

Com participações especiais e sonoridade diferente, novo trabalho da cantora marca um tipo de virada.

No livro Tereza Batista, Cansada de Guerra, há uma das personagens mais vigorosas e complexas já inventadas por Jorge Amado, que se tornou uma espécie de arquétipo da mulher forte e ao mesmo tempo sensível. Se no romance do baiano ela “não gosta de baderna”, em Terê, a oitava música do novo álbum da IZA, ela é quizumbeira. A faixa toma emprestado o refrão de Tereza de Guerra, samba de Antônio Carlos e Jocafi, para desenvolver o ponto de vista dessa mulher que “não gosta de baderna”, mas vira a mesa quando é afrontada por um homem.

Diz muito sobre a nova fase da cantora. Separada do ex-marido e produtor musical, IZA jogou fora um álbum inteiro e partiu do zero para criar o ótimo AFRODHIT, lançado no último dia 03. Para o casamento conturbado, a cicatriz precisou ser fechada com uma série de músicas, referências e composições grudadas à necessidade de achar uma sonoridade nova, para aquilo que o longo período entre o primeiro álbum e este terceiro significa. 

IZA descarrega a dor do amor. Mas parece mais interessada em renascer a partir da descoberta de novas paixões, tanto na vida pessoal quanto na música. 

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Mega da Virada é um bom exemplo dessa busca. Com Russo Passapusso, do Baiana System e não por acaso parceiro de Antônio Carlos e Jocafi em um projeto recente, IZA demarca que “virou” a página. Não vai sofrer, vai faturar. E há uma ancestralidade que vai ajudá-la nisso. Nunca mais, Fé nas Maluca, Que se Vá e Tédio, boas antecessoras de Mega da Virada, escreveram a oscilação de ora acreditar em si mesma, ora depender de quem já não está mais ao lado. 

O soundsystem de Mega da Virada, imponente e estiloso, até poderia ser um lançamento do próprio Baiana System. Só que IZA atravessa essa linha pronta pra ficar do outro lado. 

Batucada, que vem em seguida, tem groove agressivo com solo de contrabaixo de quase um minuto, raridade entre os trabalhos do universo pop da cantora. É uma das melhores faixas do álbum. Coeso na proposta, AFRODHIT também banca o risco nas demais parcerias. King, artista independente de Duque de Caxias, Djonga, a nigeriana e Rainha dos Afrobeats, Tiwa Savage, MC Carol e o já citado, Russo Passapusso, são convidados e testemunhas desse momento diferente. 

Se Iza consegue absorver os “feats” sem perder a própria direção, em Fiu-Fiu, com L7nnon, a coisa inflama de outro jeito. Com a voz mais suja por um grave lindo que deixa a identidade da cantora mais afinada, essa música tem cheiro de sedução, de uma entrega divertida que se conecta bem com Exclusiva e a bonita Uma Vida é pouco pra te amar. Quando IZA canta “Meu umbigo encostado na tua testa”, a imagem é mesmo a de uma mulher com o mundo espalhado na pele. 


Afrodite, a deusa grega, seduziu, traiu, amou e feriu. Renasceu. IZA mira na mitologia, mas cansada de guerra (talvez, conjugal?) quer mais é descobrir a paz de se viver com a própria arte.

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