A tragédia do criador: 3 reflexões de Frankenstein no uso da IA para criação de conteúdo

O que a obra de Mary Shelley pode nos ensinar sobre o uso da IA no trabalho criativo?

O que a obra de Mary Shelley pode nos ensinar sobre o uso da IA no trabalho criativo.

“A vida e a morte se me apareciam como limites ideais, que eu primeiro devia transpor, para lançar uma torrente de luz em nosso mundo de trevas. Uma nova espécie me abençoaria como seu criador e sua origem; muitas criaturas felizes e excelentes passariam a dever sua existência a mim.”— Mary Shelley, Frankenstein.

Cerca de dois séculos separam a obra de Mary ShelleyFrankenstein, e a ascensão da Inteligência Artificial Generativa, representada popularmente em soluções como Chat GPT Google Bard.

A história, lançada no auge dos 19 anos da autora britânica, em 1817, redefiniu não apenas histórias de terror, mas também é creditada como a primeira história de ficção científica, servindo como um prelúdio para a figura dos robôs que ascenderam no século seguinte.

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O monstro de Frankenstein: ele só queria amar e ser amado.

O complexo de Frankenstein no uso da Inteligência Artificial Generativa

Na obra, o Dr. Victor Frankenstein é apresentado como um jovem prodígio estudante das Ciências Naturais que, motivado por diversas referências acadêmicas, parte para conceitos de estudos “modernos” e descobre o segredo da criação da vida.

“No início, fiquei na dúvida se devia criar um ser como eu, ou um mais simplesmente organizado: porém a minha imaginação, demasiado exaltada pelo mu primeiro sucesso, não permitia que eu duvidasse da minha capacidade de dar a vida a um animal tão complexo e maravilhoso quanto o homem”. — Mary Shelley, Frankenstein.

Sua criação, feita sem quaisquer questionamentos éticos e objetivos, é logo descartada por ele após a conquista, por ser considerada asquerosa.

Todavia, a própria retorna para o seu criador, após ser constantemente rejeitada e sentir-se sozinha, pedindo-lhe uma segunda criação para lhe fazer companhia.

“A vida, embora nada mais seja do que um repositório de misérias, me é muito cara, e eu a defenderei. Lembro-te de que me fizeste mais poderoso do que tu […]. Mas não lutarei contigo. […] Oh! Frankenstein, não sejas justo com todos os outros para só espezinhares a mim, a mim que mais do que ninguém devo merecer a tua justiça e até mesmo a tua clemência e afeição. Lembra-te de que fui criado por ti; eu devia ser o teu Adão […]”. — Mary Shelley, Frankenstein.

A solidão é uma sombra que paira na obra de Shelley e diz muito sobre não somente a sociedade atual, como o mercado de trabalhoCasos do uso da ferramenta Chat GPT como apoio psicológico foram registrados semanas após o seu lançamento.

O próprio cinema reflete a temática em diversas obras, como Ela de Spike Jonze e Frank e o Robô de Jake Schreier, mostrando a relação cada vez mais próxima entre máquinas e humanos.

Mas, voltando à nossa realidade, como utilizar a Inteligência Artificial Generativa sem que o complexo de Frankenstein torne-se uma maldição quando o assunto é criação de conteúdo?

3 lições de Frankenstein para a Era da Inteligência Artificial

🖌️ Crie com Responsabilidade

Pense que, da mesma forma que o Dr. Victor Frankenstein criou sua criatura, os desenvolvedores e usuários das ferramentas de IA Generativas são os “criadores” em seus respectivos projetos.

Os profissionais precisam se guiar pela responsabilidade e ética para garantir que suas criações sejam seguras, originais e não se tornem pasteurizadas e sem um tom de voz personalizado conforme o objetivo ou marca.

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Criação e responsabilidade no uso da IA: muitos questionamentos, nenhuma regulação — ainda.

☢️ Pondere Consequências imprevistas

A criatura de Frankenstein se tornou uma ameaça porque suas consequências não foram adequadamente previstas.

A utilização incorreta ou sem moderação no uso da IA pode ter consequências imprevistas, como a disseminação de preconceitos, falta de originalidade, erros e dependência excessiva de máquinas em detrimento do espírito colaborativo de equipes.

📆 Aposte em planejamento e aprendizado

A falta de planejamento e objetivos claros entre o Dr. Frankenstein e sua criatura levou a conflitos e tragédias.

Em qualquer processo criativo e estratégico que possa contar com a utilização da Inteligência Artificial Generativa, é necessário aprender a como utilizá-la, planejar e encaixá-la no escopo.

Tudo isso para garantir que os sistemas se comportem de maneira previsível, efetiva e ética.

Seja para profissionais de marketing, conteúdo ou qualquer outra área de criação, a Inteligência Artificial Generativa não deve ser ignorada e tratada como um monstro nas empresas.

Seu poder valioso de apoiar processos operacionais, brainstorming, revisões, entre outras atividades, merece atenção.

Afinal, são dois séculos que Frankenstein causou um rastro de sangue, tudo devido às escolhas equivocadas do seu criador.

Até a próxima!

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