Geração Z chinesa dita as tendências para o futuro do consumo no mundo

Avanços significativos na tecnologia, mudanças culturais e marketing de influência são apenas alguns dos elementos que devem transformar o varejo nos próximos anos

Considerada a segunda maior potência mundial, a China ganha relevância em diversos mercados globais. E quando o assunto é consumo, isso não é diferente. Com uma população de mais de 1,4 bilhão de pessoas, o comportamento delas – principalmente quando se fala em gerações mais novas, como é o caso da Geração Z, de chineses com menos de 30 anos de idade, e que representam um grupo de cerca de 150 milhões de pessoas – tem ditado o futuro desse cenário.

Adequados às novas realidades do mundo, os jovens chineses têm ajudado a impulsionar novas formas de compras principalmente na internet – um dos exemplos é o live commerce, modalidade de venda virtual ao vivo que desde a pandemia ganhou espaço em outras regiões do globo e se tornou um importante incremento na estratégia de venda das empresas.

Para Camila Salek, especialista em futuro do varejo e CEO da Vimer Retail Experience, olhar o comportamento desses consumidores jovens da China é fundamental para entender para onde caminha o futuro da mídia e do consumo sob o ponto de vista global. “Esses jovens têm uma mentalidade diferente em relação às gerações anteriores, em função das rápidas mudanças sociais. Têm saído da China as novas tendências de consumo nos últimos anos”, afirma.

Segundo ela, a tecnologia é um importante guia nessas transformações. “O consumidor chinês tem uma expectativa bem clara: quer que sua experiência inclua a última tecnologia disponível”, afirma, ao ter o mercado chinês em seu escopo de estudos sobre o consumo no mundo.

Mercado que não para de crescer

Da mesma forma que as novas tecnologias surgem no mercado de consumo chinês em uma velocidade impressionante, o e-commerce cresce praticamente na mesma trilha. Segundo dados do China Internet Watch, o total de vendas no e-commerce no país no ano passado somou US$ 2 trilhões, contra US$ 870 bilhões nos Estados Unidos, de acordo com números do Digital Commerce 360.

Quando a radiografia é sobre a venda por social commerce na China – o que inclui o live commerce citado acima – o montante já ultrapassou os US$ 360 bilhões e a venda via marketing de influência superou os US$ 200 bilhões, cifras bem acima do contabilizado pelo mercado americano.

Tendências para os próximos anos: você já ouviu falar nos KOLs?

Para Salek, uma das tendências que deve sair da China, por meio da Geração Z, e ganhar o mundo são os chamados “virtual influencers” ou virtual KOLs (Key Opinion Leaders), que se conectam com seus fãs por meio de mídias sociais. “Eles estão potencializando uma economia que já existe no mundo real e agora ganha mais valor no metaverso”, ressalta.

Marcas como Adidas, Alexander McQueen, Converse, Dior, Dolce & Gabbana, Givenchy, Prada, Versace, entre outras, já adotaram KOLs virtuais como estrelas e astros de campanhas.

Camila conta que na China, os KOLs virtuais têm vida independente das marcas e dialogam diretamente com as comunidades que representam. “Na China eles têm presença maciça em sites de mídia social, como Weibo, Bilibili e Douyin (versões chinesas do Twitter, YouTube e TikTok) e monetizam suas conexões com os fãs de diversas formas”, relata a especialista.

Entre os KOls chineses, dois são bastante famosos: Luo Tianyi e Angie. Luo foi criada em 2012 e é uma personagem de anime que lota espaços físicos com seus shows virtuais. Já foi o rosto de várias campanhas de empresas como Huawei, KFC, Nescafé, entre outras.

Mais “nova”, Angie reflete questões comuns no universo das meninas – tem pele seca, está sempre com sono e chora quando está sensível, além de mostrar aos fãs sua rotina diária nas redes. Recentemente, estreou uma campanha da fabricante de sorvetes Chicecream.

Novas narrativas para o varejo do futuro

A tendência dos KOls abre caminho para a construção de novas narrativas no varejo. “Ganha espaço à medida que a economia do mundo real é transportada para o mundo virtual, onde, em vez da venda de anúncios, a base econômica está em bens digitais”.

Especialistas em futuro como Amy Webb e Rohit Bhargava vão além: apostam em uma tendência chamada “avatar economy”, indicando que o ser humano assumirá uma nova “vida” no mundo virtual por meio de avatares.

Do jeito que a tecnologia avança a passos largos, o varejo ainda tem um longo caminho de transformações profundas pela frente. E a China vai comandar essa rota.

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