[su_heading size=”26″ align=”left” margin=”0″]Na semana passada, um video de um cara soltando uma bola de basquete do alto de uma gigantesca parede de represa viralizou e foi visto por milhões de pessoas. O motivo é que o cara deu uma giradinha bem sutíl na bola, mas que foi o suficiente para ela percorrer uma surpreendendte trajetória, quase diagonal. [/su_heading]
Uma giradinha de nada fez a bola “voar”, ao invés de simplesmente cair.
Esse truque não é do cara que jogou a bola, nem do After Effects. É um belo truque do planeta Terra mesmo. Física pura.
Trata-se do “Efeito Magnus”[WKP], descoberto pelo físico alemão Heinrich Gustav Magnus, o primeiro a perceber algo que todos nós, que apreciamos algum esporte que envolva uma bola voando, estamos tão acostumados que nem paramos para pensar nessa mágica.
É simples: se uma bola voando pelo ar estiver girando, ela vai fazer uma curva na mesma direção desse giro.
No chão, com uma bola de boliche fazendo uma curva em dirção aos pinos, é fácil entender, por causa do atrito. Mas voando, apesar do princípio ser o mesmo e envolver o atrito com o ar, a coisa parece que fica mais mágica.
Eu diria até que todas as torcidas, de todos os esportes com bola do mundo, deveriam se juntar e fundar uma igreja e nomear esse força de Deus, porque se não fosse por ela, esses esportes não teriam a menor graça.
POR EXEMPLO…
Imagine que você está em uma quadra de tênis, com uma raquete na mão e uma bolinha.
Aí eu peço para você dar uma raquetada bem de leve na bola e ela passa sobre a rede e cai na quadra do adversário. Muito bem. Vamos supor, que essa bolinha tenha voado a uns 40 KM/h. Se eu pedir para você ir aumentando a força e ela começar a voar a 50km/h, depois 60km/h… vai chegar uma hora que ela vai ultrapassar a linha de fundo do adversário e vai cair fora da quadra, certo?
Portanto, o tênis teria uma “velocidade máxima permitida” para bolas dentro. Acima dessa velocidade, cairiam todas fora.
Acontece que tem forehand que chega até a 180km/h, então como é possível uma bola nessa velocidade cair dentro da quadra do adversário?
Girando. Os tenistas fazem a bola girar. Girar muito.
Tenistas como o Roger Federer e Rafel Nadal, entre poutros, fazem a bola girar em média 80 vezes antes de quicar no chão do adversário. Chegam a 3600 RPM. Isso significa que a bolinha gira mais rápido do que uma máquina de lavar roupas.
Por isso o tênis é a arte de girar bolinhas. Deveria até ser chamado de girobol ou spinball. Olha que coisa linda:
https://www.youtube.com/watch?v=OvGIX0l4ylU
Além desse giro principal, que viabiliza a pancadaria no tenis (o “topspin”) e que faz a bola aterrissar, existem giros em outras direções como o “underspin” (mais conhecido como “slice”) e os giros laterais, usados nos saques. Mas o que garante a alegria dos tenistas é o velho e bom topspinzão mesmo. Não fosse por ele, o tênis seria praticado do mesmo jeito que criancinhas de 5 anos jogam. Balãozinho para cá, balãozinho para lá.
FUTEBOL
No futebol, apesar de não ser tão essencial como no tênis, o truque é amplamente e constantemente utilizado. A minha geração cresceu vendo o Zico dando aula de Efeito Magnus a cada cobrança de falta, oportunidade em que sempre transformava a barreira em algo completamente inútil, a não ser para atrapalhar o goleiro.
https://www.youtube.com/watch?v=rEKGTq3onIo
O gol olímpico, aquele em que o cara cobra o escanteio e coloca a bola direto dentro do gol, talvez seja o melhor exemplo. Seria impossível se não existisse o Efeito Magnus.
GOLF
No golf a coisa fica tão dramática que o jogo é praticamente o golfista vs. efeito Magnus em cada tacada. Uma bolinha que dispara a uma velocidade insana, com um RPM insano, por uma distância insana. Um errinho de nada na tacada = bola em um lugar completamente diferente do esperado. É curva pra direita, esquerda, para baixo, para cima. Acho que o golf é arte de administrar o caos. Ganha quem errar menos.
OUTROS USOS
Mas o efeito Magnus não é apenas um truque bacana desenvolvida por atletas habilidosos. Para terminar o post, vale colocar o video que viralizou, porque além da bola caindo, tem também outros usos do Efeito Magnus.
Quem sabe a turma da vela não sejam os próximos atletas a dominar o Efeito Magnus?
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