A tatuagem e a era do descartável

Não precisamos ficar repetindo que cada vez mais trocamos de produtos, de ideias e de parceiros em uma velocidade jamais vista. O mercado de produção na era pós-digital é uma espécie de Ferrari na criação e desenvolvimento de novos produtos e serviços. Não muito tempo atrás, nossos avós cultivavam a mesma máquina de costura ou de escrever por toda a vida. Hoje trocamos de celular anualmente e enjoamos da cortina da sala em meses.

Se fosse pensar em um segmento crescente e que cativa as novas gerações no quesito “pra sempre”, escolheria o mercado das tattoos. Desde sempre usamos os nossos corpos como fonte de expressão artística e a tatuagem já foi muito (e ainda é em alguns casos) assemelhada a um aspecto negativo do eu, como uma marca eterna de um crime, por exemplo. Acontece que de algumas décadas pra cá muita coisa mudou no mundo das agulhas e passamos a associar nossa personalidade a uma marca na pele como uma espécie de identificação tribal, ideológica ou narcísica: o personal branding na pele.
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Tenho medo que esse mercado do “pra sempre” desapareça com o avanço tecnológico em permitir a retirada a laser (ainda cara, dolorida e não efetiva em todos os casos) e das tattoos temporárias, como já expressou a reportagem da Super Interessante. Segundo a matéria, em breve (2017) teremos uma tatuagem que dura 2 anos em nossas peles. A tinta tem partículas menores, fazendo com que o corpo absorva e elimine o produto nesse período de tempo.

Gosto da ideia de poder voltar atrás, claro, mas também acho importante olhar para aqueles seres, cada vez mais raros, que bancam as suas escolhas e entendem a força do tempo, mesmo que um dia extraia vários risos do que foi feito no passado.

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