Uma semana na singularity

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Olá, muito prazer, me chamo Roberta. A partir de agora, toda semana vou postar aqui no UoD sobre tendências e tecnologias exponenciais.

Começo minha jornada aqui contando sobre a última aventura que fiz: passar uma semana estudando na Singularity University.

Ouvi falar pela primeira vez sobre a Singularity University através de uma amiga que foi uma das early adopters no Brasil a conseguir uma vaga em seu programa de 3 meses no verão. Sempre a considerei uma menina super inteligente, e quando escutei sobre o curso, de cara pensei: não é para mim. Não porque me considero menos inteligente, mas porque não me considerava tão ligada a tecnologias disruptivas como biotecnologia, robótica, etc. Estava muito longe da minha realidade, como gestora de uma empresa de pesquisa qualitativa em BH.

Fast foward 1 ano para a chegada da Perestroika em BH e eu me matricular em um curso chamado Tomorrow sobre futurismo. De novo, minha expectativa nada mais era do que aprender metodologias de pesquisa de tendência e nem estava ligando tanto para os detalhes geeks de tecnologia.

Conheci o Tiago Mattos (um dos melhores showman do Brasil) e me aprofundei no assunto da Singularity. Uma semana de curso, super intenso e com um conteúdo muito rico e apaixonante. Não é que robótica não só é legal, mas está muito mais perto do meu cotidiano que eu imaginava?

Sai do curso com a cabeça aberta e cheia, determinada que precisava beber da fonte e ir para a Singularity. Trabalhando com inovação e acompanhando a estratégia das principais empresas de BH não poderia ficar a parte da nova revolução.

Mas 3 meses é muito para uma gestora que é tudo na sua empresa, então fui buscar um programa de curta duração. Assim conheci o Executive Program: um curso de 1 semana que acontece 6 vezes ao ano em Mountain View na California, dentro do parque de pesquisas da Nasa. Minha turma foi a de Janeiro de 2016.

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Antes de ir para a SU, assisti muitos vídeos falando sobre a universidade e seus métodos de ensino. A melhor tradução que posso fazer de como são as aulas é pensar no TED e suas palestras/show de 1 hora de duração com 15 minutos para perguntas.

Estamos em uma grande sala de aula com 4 telas enormes de TV, um palco e toda uma aura cool que gera aquela sensação de estar em um lugar muito especial.

Começo o dia as 6:30 com aula de yoga e corro para o banho e café da manhã, pois o ônibus sai do hotel as 8 em ponto para irmos para a NASA (não ficamos hospedados por lá pois parece ter tido um tipo de vazamento, o que foi uma pena).

Ao chegar na sala de aula da SU nos acomodamos em mesas de 6 lugares. Cada dia eles arrumam um jeito dos participantes conversarem com pessoas diferentes (afinal estamos em um grupo de 91 pessoas), seja dividindo as pessoas por região, por mercado ou por problema global a ser resolvido.

A partir disso, começam as palestras. São uma média de 6 por dia com pausas e exercícios entre elas. A opinião geral é que o formato ainda não é muito inovador. Exercícios meio bestas e pouco profundos em comparação com a complexidade do assunto que estamos aprendendo. Mas, para todos nós, a parte de discussões no grupo teve um objetivo que transcendeu os exercícios (ja já falo sobre isso). As 8 da noite, já com a cabeça fritada, é servido o jantar e voltamos para o hotel.

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Fomos bombardeados durante essa semana com mais de 500 exemplos de tecnologia e ideias disruptivas. A maneira que SU tem para “convencer” pessoas sobre tendências de futurismo são realmente os exemplos do que já está acontecendo. Provas concretas das teorias. Algumas pessoas sentiram falta de exemplos muito mais futuristas, já que os utilizados foram de start ups já existentes no mundo. A palavra exponencial foi falada pelo menos 30 vezes ao dia e a Teoria de Moore rege a universidade.

O conteúdo é dividido da seguinte maneira (em ordem cronológica e com minhas observações de preferência):

  • Intro to Exponentials e Global Grand Challenges com Nathaniel Calhoun (nosso mestre de cerimônias durante essa semana)
  • Intro do Forecasting com Paul Saffo (uma das melhores, mas pouco aprofundada)
  • Design Thinking com Chris Cowart
  • Computing & Robocars & Privacy com Brad Templeton (professor super engajante e com bastante conhecimento nesses assuntos)
  • Robotics com Rob Nail (CEO da SU, palestra ótima)
  • AI & Exponentials On Trial com Neil Jacobstein
  • Abundance com Peter Diamandis (obviamente ótima)
  • Neuroscience com Divya Chander (tema muito técnico. Foi legal, mas podia ter sido mais engajador)
  • Biotech com Raymond McCauley
  • Future of Medicine com Daniel Kraft (muito boa)
  • Virtual Reality com Jody Medich (péssima palestrante para um tema tão interessante)
  • Digifab com Andre Wegner
  • Energy & Space com Gregg Maryniak
  • Infinite Resource com Ramez Naam
  • Future of Jobs com Kathryn Myronuk
  • Exponential Organizations com Salim Ismail (obviamente ótima)
  • Future Crimes com Marc Goodman
  • Behavioral Economics com Dan Ariely (surpreendentemente ótima)
  • Start-ups / Open Source com Pascal Finette
  • Corporate Innovation com John Hagel
  • Talk com Ray Kurzweil (surpreendentemente monótona)
  • Exonomics com Amin Toufani
  • Closing Speaker com David Roberts (guardaram o melhor para o final. Emocionante)

Não há muita técnica, metodologias que nos ensinem a pescar (e isso me decepcionou um pouco). Estamos na Singularity University, mas não consigo considerar o lugar uma escola e nada aprendemos sobre a Singularity em si. Aprendemos muito sobre tecnologias exponenciais e fomos obrigados a pensar no nosso futuro e de nossas empresas.

Não adianta escrever muito sobre o conteúdo em si aprendido (mas eu provavelmente devo escrever depois). Coloquei o nome de cada palestra e palestrante exatamente porque praticamente todos tem uma palestra igualzinha disponível no Youtube. Então com relação ao conteúdo, está tudo aí, open sourced. Basta procurar. É aquela coisa: faça as perguntas certas e aí já tem um bom ponto de partida.

Se me perguntarem o que mais gostei de aprender: definitivamente behavioral economics e os sistemas de recompensa dos seres humanos, todas as conversas sobre realidade virtual e suas aplicações, o futuro da medicina (pois acho que vai alterar nosso dia a dia de maneira muito profunda) e a teoria e exemplos de organizações exponenciais.

Mas, para mim, a parte mais relevante, interessante e cheia de sentido da Singularity (pelo menos nesse programa e nessa turma), foram todos os contatos e experiências que tivemos em conjunto. Todas as conversas incomuns que tivemos durante esses dias.

91 pessoas de 30 países diferentes. Consegue imaginar a riqueza disso?

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O que me chamou para fazer o Executive Program foi saber que seria frequentado apenas por executivos. Apesar de saber que os colegas do GSP são pessoas incríveis e totalmente disruptivas, queria me conectar com profissionais mais sênior (adoro ser das mais novas da classe). Estava com algumas dúvidas antes de ir, se valeria a pena apenas uma semana, mas no primeiro dia já sabia que tinha tomado a decisão mais acertada da vida.

Pessoas com histórias profissionais e de vida mais incríveis do que jamais poderia imaginar. Desde uma libanesa com uma ONG para auxiliar refugiados sírios, até um senhor de 81 anos, argentino, com uma fundação que auxilia na educação de mais de 7.000 jovens, mas que ano passado pulou de para-quedas e possui como atual objetivo de vida colocar o sorriso no rosto de todas as pessoas com quem ele troca alguma palavra (e conseguiu viu, na cerimônia de entrega dos diplomas foi aplaudido de pé por todo mundo). Gente tão graduada e inspiradora quanto os próprios palestrantes.

Para mim, dois dias foram marcantes nessa parte de networking (nomezinho feio para um momento de ligações profundas com pessoas genuinamente distintas): o “date” regado a muito vinho com o Salim Ismail as 10 da noite no hotel. O assunto: o sentido da vida, a existência de Deus, e tudo que está no meio. Umas 30 pessoas, sentadas no chão da hospitality suite do hotel, a meia luz discutindo assuntos que nem nos meus sonhos mais alucinantes sobre a SU imaginaria que discutiria. O outro momento marcante foi pouco divulgado e prestigiado pelos colegas: a unconference. Um momento em que a SU cede o palco para os que tinham algo interessante para compartilhar (em 15 minutos). Foram 10 talks, mas só consegui assistir a 2. E nesse momento tivemos uma oportunidade meteórica de aprender com nossos próprios colegas.

Marcelo, meu amigo brasileiro, escreveu recentemente um livro chamado Meaningful Marketing, no qual ele explica que nesse nosso mundo de hiperconexão exponencial, as marcas precisam gerar valor na vida de seus consumidores a partir das experiências que proporcionam a eles. Foi exatamente isso que a SU nos proporcionou juntando uma turma de pessoas tão diversas em um ambiente inspirador: uma experiência que me trouxe mais valor e lições de vida do que todos os meus 5 anos de faculdade e 2 de pós graduação.

O conteúdo do curso está inteiramente disponível na internet. De verdade. É muito fácil se aprofundar e encontrar os exemplos agora mesmo ao terminar de ler esse post. No entanto, a experiência que vivi teve um valor inestimável. Juro que não achei que meus comentários seriam piegas nesse sentido, mas foi a realidade dos fatos.

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Eu tive, nessa uma semana, lições de vida exponenciais. Cada dia uma experiência mais transformadora do que a outra.

Se a SU vai conseguir impactar 6 bilhões de pessoas eu não sei, mas com certeza, ela já transformou a vida de 91 pessoas de maneira muito profunda.

Fecho aqui esse texto com um trechinho de uma música que tocou no intervalo das aulas (claro que seria do David Bowie) e que vai me lembrar para sempre dessa experiência:

This is Major Tom to Ground Control
I’m stepping through the door
And I’m floating
in a most peculiar way
And the stars look very different today

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