Não sei onde você está enquanto lê este post, mas aqui em São Paulo tudo ficou muito mais silencioso desde que a quarentena começou, em meados de março. A cidade pulsa menos, rosna menos, fala menos. No bairro onde moro, as ruas durante o dia tem um nível de ruído muito parecido ao da meia noite.
Sobre isso, o The New York Times publicou no último dia 22 uma bela matéria interativa. Seu titulo: “The Coronavirus Quieted City Noise. Listen to What’s Left.” (“O Coronavirus Aquietou Os Ruídos Da Cidade. Ouça O Que Sobrou”). Estamos tão acostumados com os altos decibéis das grandes cidades que percebemos sua diminuição como um gigantesco silêncio, angustiante para alguns, calmante para outros – mas de toda forma marcante.
O bacana na versão online desse artigo do NYT é que você pode OUVIR o som de como era NY, Londres e Veneza um ano atrás e agora na quarentena. A diferença é brutal. Na metrópole americana, a New York University conduz há alguns anos um projeto intitulado SONYC, em que monitora os decibéis emitidos pelas ruas através de inúmeros microfones espalhados pela cidade. Já em Londres, é a University College London que tem um projeto similar. Os arquivos de ambas forneceram os exemplos para a reportagem do jornal (link no fim deste post).
Além de registrarem os sons das metrópoles, os pesquisadores dessas instituições coletam as impressões das pessoas sobre a vida menos ruidosa durante a quarentena. E já notaram que as mesmas pessoas que antes se queixavam da poluição sonora agora reclamam da queda no ruído urbano. Mas segundo os estudos, não é a overdose de decibéis que faz falta, e sim a vida que essa intensidade trazia. Ao mesmo tempo, ruídos da vizinhança – que antes passariam despercebidos – agora podem soar enervantes. A televisão do 5º andar, a esteira de corrida do vizinho, os WAPs limpadores de calçadas, tudo fica mais evidente quando não enfrenta a concorrência do trânsito de antes.
Já faz um tempo que o NYT investe em novas tecnologias incorporadas às suas plataformas e reportagens, e este é um ótimo exemplo de como seu jornalismo, aliado a um bom design que estimula a navegação do leitor, resulta em um jornal muito além do que estamos acostumados.
Agora é a hora de você ir lá no artigo do NYT pra poder ESCUTAR as comparações entre os momentos antes e durante a quarentena. Enjoy and join.
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