Polite Type, uma fonte educativa que “borra” palavras ofensivas e sugere outras

Não é apenas um corretor ortográfico educadinho. É uma ferramenta educativa para ajudar as próximas gerações a usarem a escrita de forma mais adequada, eficiente e inclusiva.

A ideia é simples e vai além do que você provavelmente imagina: não é censura, nem apenas um corretor ortográfico educadinho. É principalmente uma ferramenta educativa para ajudar as próximas gerações a usarem a escrita de uma forma mais adequada, eficiente e inclusiva. É uma otimização na forma de se comunicar com o outro.

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O Polite Type é uma fonte open source, criada pelo estúdio dinamarquês TietoEVRY, que reescreve palavras ofensivas e, opcionalmente, sugerindo outras mais inclusivas. A fonte foi criada para ser usada em um primeiro momento em escolas ou pelos pais como uma forma de abordar esta questão do vocabulário e também criar uma oportunidade de discussão sobre o assunto.

Mais funcional do que parece

É uma iniciativa extremamente simples, mas que pode fazer toda a diferença. É a tecnologia ajudando a modificar um hábito ruim, que pode acabar sendo incorporado no estilo pessoal se não for corrigido. E não há melhor forma ou momento de corrigir isso do que no ato da escrita.

Me fez lembrar uma configuração parental que existe nas assistentes de voz (tipo Alexa, Siri) que podem ser prograqmadas para sugerir um “por favor’ antes dos comandos. De novo: parece uma bobagem, até uma chatice, mas se pararmos para pensar vamos perceber que não é.

A troca de textos é parte fundamental da comunicação entre crianças e adolescentes e, como sabemos, tem um potencial enorme de machucar.

Outra coisa que me lembrei foi de uma época em que fiz um curso para dar aulas de inglês em uma escola de idiomas e a orientadora nos contou como era constragendor acompanhar grupos de alunos mais jovens em viagens internacionais porque eles usam a palavra “fucking” como se não fosse nada demais (porque estão acostumados a ouví-la em filmes, séries e músicas). Para eles era apenas mais uma palavra para dar enfase, mas para os americanos o peso era muito maior e acabava ficando inadequado em várias situações.

Ou, palavras que podem ofender outras culturas e/ou ideologias e que a pessoa nem sabia que era inadequada.

Enfim, são exemplos que mostram que não se trata de censura, mas sim de melhora na comunicação.

E olha que bacana: o vocabulário inicial da Politetype foi co-criado com adolescentes em idade escolar e jovens de diversos backgrounds na Finlândia, juntamente com a The Children and Youth Foundation. Na Suécia, a iniciativa é apoiada pela organização Friends-Organization. O projecto está aberto a ONG empenhadas no combate ao bullying.

Teste a Fonte

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Você pode testar a fonte aqui.

No futuro, a TietoEVRY sugere que com o machine learning a fonte poderia aprender a reconhecer contextos ainda mais amplos de como a língua é utilizada.

Eu acho que isso poderia ser implementado em editores de texto, inclusive, indo além de uma única fonte. E em todas as línguas, claro.

(obrigado pela dica, Romolo Megda)

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