Trabalhar “só” 4 dias por semana: dá para ser mais produtivo?

Painel no SXSW 2023 levanta questionamento, desafios e cases de sucesso

Numa sociedade onde ainda há a romantização do discurso de “Trabalhe enquanto eles dormem”, reduzir a jornada semanal de 5 para 4 dias deveria estar fora de cogitação? Se pensarmos na importante equação entre qualidade de vida, custos e produtividade, já tem muita gente provando que não – e que talvez aí, na sua empresa, isso também se encaixe.

O tema “Less is more: moving fast with the 4-day work week” reuniu especialistas e exemplos práticos trazidos por Jennifer Liu, repórter da CNBC; Retta Kekic, CMO (Chief Marketing Officer) da Qwick; Lindsay Liu, CEO da Super; e Phil McParlane, fundador do projeto 4dayweek.io, mostrando que de que dá para fazer acontecer sem impacto negativo na entrega e com vários ganhos no processo. Mas, claro: não é fácil. E talvez não seja para qualquer um.

“Não é sobre trabalhar menos, mas sim trabalhar de forma mais inteligente”, registrou, logo no início, a mediadora Jennifer Liu. Porém, quando os processos acontecem da forma ideal e o time se adapta, todos saem ganhando.

“Implementar uma semana com 4 dias de trabalho passou por muita pesquisa e otimização de processos, mas claramente nos trouxe mais produtividade, criatividade e inovação – além de ter um grande impacto positivo na saúde mental e na qualidade de vida dos nossos colaboradores”, garante Retta Kekic, CMO da Qwick, empresa especializada em Hospitality.

Atuando em um mercado com muita demanda ligada aos fins de semana, a solução para a Qwick foi definir equipes e “composições de semana” distintas, com interseções estratégicas para a necessária troca de informações entre times complementares – como exemplo, um time pode trabalhar de terça a sexta, enquanto outro atua de quinta a domingo. Segundo Kekic, o movimento levou mais de três meses para ser implementado e, para que realmente funcione, necessita da adesão e frequente evolução de todos os envolvidos.

“Para manter isso funcionado, precisamos nos questionar e nos desafiar o tempo todo para garantir que os processos ainda fazem sentido e como a gente pode aproveitar o tempo dedicado ao trabalho da melhor forma possível. Todos na empresa precisam estar engajados nisso”, reforça a CMO da Qwick. “Fizemos muitas pesquisas e testes até que tudo fosse aplicado, provando na prática para nossos investidores que o movimento seria positivo para todos: empresa e colaboradores”, completa.

No caso da Super, software focado em gestão imobiliária, a operação já nasceu com esse conceito – o que foi fundamental para a atração de talentos, uma vez que o negócio foi criado bem no meio da pandemia. “Começamos em 2021 e era muito difícil contratar pessoas, mas o modelo de quatro dias úteis de trabalho por semana – no nosso caso, de segunda a quinta – foi um grande diferencial para atrair talentos. E uma vez que as pessoas já entravam com essa mentalidade e com o processo desenhado para isso, tudo se mostrou muito efetivo”, enfatiza a CEO Lindsay Liu.

Phil McParlane, do 4dayweek.io, lembra que uma das coisas que mais percebeu quando começou a alimentar a ideia do projeto era o tempo ocioso nas empresas entre processos, dos cafezinhos estendidos à dinâmica de entrar e sair de diversas reuniões. “Se você for pensar, isso ocupava quase esse um dia a mais de trabalho nas empresas”, ilustrou.

Nesse sentido, para que um dia a menos seja realmente um “dia útil”, Lindsey, da Super, alerta: “Só dá certo se todo mundo estiver muito mais focado”.

Será que por aqui a gente consegue?

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