Criação: o supernormal

Criação o supernormal 0

Existe um conceito filosófico no design japonês chamado “supernormal”.

Você pega alguma coisa “normal” e deixa “supernormal”.

Parece bastante óbvio, mas na verdade não é. O pessoal de inovação chama de “adjacente-possível”, para ficar mais pomposo.

A tática é optar pelo caminho do “melhor”, ao invés do caminho do “novo”.

Não é fácil assumir essa postura. Entre algo “novo” e algo “melhorado”, invariavelmente optamos por reinventar a roda.

Não conheço nenhuma agência que tenha departamento de Melhoração. É Criação.

Lá não trabalham os melhorativos. São os criativos.

Uma marca nunca anuncia seu “logo melhorado”. É o “novo logo”.

Em gestão ninguém fala em melhorar, se tiver a chance de falar em inovar.

O ponto é que o novo é tão raro que acredito até que não exista mais. A não ser que venha na bagagem de um disco voador. Não criamos nada. O que fazemos é evoluir, melhorar. Com o perdão da má palavra, desprovida de charme.

Mas não devia, porque melhorar, de verdade, é coisa de craque.

A História do Balde.

Imagine que você tenha implicado com o balde e tenha resolvido fazer a sua versão.

Olhando para o balde dá para perceber que trata-se de um objeto inventado há muito tempo, e que sua evolução foi acontecendo através de melhorias. Ele é feito de metal, para ser durável. Ele não é totalmente liso, costuma ter umas saliências para facilitar o manuseio. Ele tem um arco de metal, para poder ser carregado com apenas uma mão. esse é o balde que conhecemos, que cumpre bem sua função.

Para nós, o balde é um objeto normal.

Se você quiser aplicar o métdo do supernormal, você começa procurando problemas. Por exemplo: quando você usa, o arco de metal machuca sua mão por causa do peso. Depois, se você carregar água gelada, o metal também fica gelado. Quando você despeja a água, a coisa fica um pouco fora de controle. E observando esses detalhes você acrescenta ao seu design um pegador de madeira no arco de metal, um revestimento térmico como o plástico e um bico para direcionar a água.

Quando você mostra a sua versão para alguém, ela reconhece de cara que é o balde que ela sabe usar sem qualquer dificuldade. Quando ela começa a interagir com o balde, o que era familiar vai desaparecendo e as novidades se ficam evidentes. O que sobra, é o “NOVO” balde.

Esse mesmo princípio pode ser aplicado em outros universos. Quer ver só como é divertido?

Vamos lá:

Friendster era amigos.

Myspace era amigos + bandas favoritas.
Facebook era amizade com colegas da faculdade (e depois, do mundo).
LinkedIn é amizade com network profissional
NextDoor é amizade com vizinhos
Twitter é blogar em 140 character posts.
Tumblr é blogar usando 5 tipos de posts.
Yammer é blogar fazendo posts curtos com colegas de trabalho. to your co-workers.
Instagram era compartilhar fotos (com filtros) was sharing photos with beautiful filters.
Path era compartilhar fotos, mas no meaximo com 150 pessoas.
Snapchat é compartilhar fotos que explodem depois de 10 segundos.
Mac era um PC, mas com uma interface mais gráfica.
iPod era um MP3 player com uma rodinha clicável que colocava 1000 músicas no seu bolso.
iPhone é um smartphone sem botões e com uma tela clicável.
Tesla é um carro. Elétrico.

Em todos esses casos, ninguém inventou uma categoria completamente nova, mas simplesmente melhorou algo que já existia. E ninguém pode dizer que essas coisas são nada menos do que extraordinárias, apesar de serem “melhorias”.

Um dos erros mais comuns que dá para ver por aí toda hora é gente passando do ponto da familiaridade, criando “conceitos” revolucionários, com excesso de novidade, e sem qualquer familiaridade com uma realidade anterior. Sem significado.

É a vaidade do absolutamente novo e revolucionário.
Existe uma expressão ótima que diz: “remover fricção”. Remover o atrito entre seu consumidor e sua obra tem um valor inestimável. O novo corre o risco do descolamento total.

Se você trabalha com “criação”, experimente trabalhar um pouco com “melhoria”. A pressão diminui, as coisas fluem e quem sabe, você acaba criando alguma coisa revolucionária.

Olhe para o normal e se pergunte:

“Como eu deixo isso supernormal?”

 

Fonte: https://medium.com/startup-notes/c1d22838572a

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