https://youtu.be/hyiY8f7T9e8
É raro encontrarmos no mercado de games jogos que tragam a África como cenário principal. Foi pensando nisso que o pessoal do Kiros Games – um estúdio no Camarões – decidiu desenvolver um jogo que reunisse mitologia, música e a moda africana.
“Aurion: Legacy of the Kori-Odan” desapega da História dos livros e recria o continente.
No universo do game, a África nunca sofreu invasões e não enfrentou nenhum tipo de colonização. A história toda se passa no fictício país de Zama e tem como protagonista Enzo Kori-Odan, príncipe do local. Ele e sua noiva, Erine, possuem super-poderes, herdados de seus antepassados e utilizam-os para impedir o golpe de Estado que o país está prestes a sofrer (a questão da ancestralidade é muito forte nos países africanos e, por isso, é um dos principais focos do game).
É claro que desenvolver um jogo cheio de tecnologias em um lugar como o Camarões não é uma tarefa muito simples. Em 2013, por exemplo, o país enfrentou diversos períodos de apagões, o que prejudicou bastante algumas etapas do trabalho. O estúdio responsável pelo “Aurion” é o único que existe lá. E, obviamente – infelizmente-, não existem escolas ou cursos de desenvolvimento de games, o que torna a missão totalmente autodidata.
No caso desse jogo, a equipe criadora conseguiu apoio oficial do Ministério de Artes e Cultura de Camarões e da iniciativa privada. Além disso, houve um financiamento coletivo, que acabou por arrecadar mais de 200 mil reais.
A previsão de lançamento, agora que o projeto está finalizado, é abril deste ano.
A ausência de representantes africanos no entretenimento, especialmente o infantil, não se restringe ao universo dos games. Os desenhos animados, por exemplo, são em sua maioria baseados na estética europeia e norte-americana. A falta da imagem negra é gritante.
Apesar disso, existem algumas poucas exceções que revelam-se boas surpresas. A série “Bino e Fino”, por exemplo, conta um pouco sobre irmãos africanos que vivem com seus avós, Mama e Papa, em uma cidade moderna na África. O desenho, que é nigeriano, ainda não possui versão em português. Mas vale a pena dar uma olhada no canal oficial do YouTube:
http://www.youtube.com/BinoandFino
No trecho do episódio abaixo, por exemplo, eles ensinam a contar até dez em Iorubá, uma língua falada por mais de 20 milhões de pessoas no mundo. É bonito e bem feito.
Outro exemplo é a lenda do Kiriku, que virou filme, peça de teatro e até musical ao redor do mundo. É a história de um recém-nascido superdotado que já sabe falar, andar e correr. Ele é um guerreiro e acaba salvando sua aldeia de uma feiticeira.
O filme, dublado, pode ser visto aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=vRxhp-hsjzI
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