(post enviado pela leitora Helen Brüseke)
Yves Béhar saiu da Suíça para San Francisco no meio dos anos 90 para estudar design industrial. Na época, as pesquisas voltadas para servir as áreas de engenharia e eletrônica de grandes empresas como Hewlett-Packard, Apple, Intel, Microsoft ainda não contavam com todo o background que o estudo do design, sobretudo o industrial, poderia oferecer e caminhar junto às tentativas de inovação.
25 anos nos separam dessa fase beta de adequação da indústria das idéias ao mercado (e isso não significa dizer que o processo de adequação acabou, na verdade ele se adapta constantemente a novos contextos fazendo com que possamos prever como o mercado irá se comportar diante de novas ideias ), e hoje Yves Béhar lidera vários projetos que se conectam e ampliam os horizontes de atuação do design e trazem verdadeiras mudanças no plano de interação entre pessoas, ideias e dispositivos.
Exemplo disso são os produtos lançados pelas empresas August, Fuseproject, OUYA cujos projetos são coordenados por Yves juntamente com equipes globais e multi-talentosas que buscam sempre mais do que a criação de novos dispositivos que podem mudar aspectos da vidas das pessoas, mas realmente fazer com que elas despertem para a proposta das ideias concebidas, que é gerar interações reais, aproximar pessoas, liberar mais tempo, economizar dinheiro, despertar emoções, etc. Yves sempre realça o verdadeiro objetivo do design, e em muitas palestras reafirma o dever que o Design tem de levantar questões sobre como nossa vida pode ser melhorada, em quais questões ainda é preciso trabalhar para que os objetivos pessoais sejam alcançados, e como o design pode ajudar nisso.
Em uma entrevista concebida ao Launch Festival, no ano passado, Yves revela o seguinte sobre a importância do Design:
(entrevistador): Então… o que é preciso que vocês, fundadores, entendam sobre Design quando vocês estão fazendo um produto, se você puder condensar fundamentalmente… o que pensar quando vocês estão fazendo software, se vocês estão fazendo Uber (uma plataforma), se vocês estão fazendo Facebook, twitter, ou redes sociais, onde você começa a simplesmente dizer “como o Design joga sua partida”?
Yves: bem, minha definição abrangente do design, que é um bom filtro pra isso (que o entrevistador perguntou), é essencialmente como você trata seus clientes. Tipo, se você trata seus clientes do ponto de vista ergonômico, do ponto de vista do usuário, do ponto de vista emocional, se você o trata bem, sabe, durante todas as diferentes experiências que eles (os clientes) terão com suas ideias, com a sua empresa, então você provavelmente está praticando um bom design. E isso é tão fundamental quanto a funcionalidade daquilo você está essencialmente tentando fazer com que as pessoas adotem na vida delas.
Mais adiante, na mesma entrevista, Yves dá prosseguimento ao que levar em conta quando se está fazendo o que ele chama de “good design” (um aparato de noções que ele construiu ao longo de sua carreira e sobre a qual sempre destaca nas suas entrevistas, um bom design atende não só as demandas do mercado, atende às reais necessidades do cliente enquanto alguém que deseja ter coisas que ele não imagina ter, mas que pode ser oferecida e, consequentemente, mudar sua concepção de mundo; e que o bom design só é aplicável quando se tem uma relação real entre consumidores, clientes, fornecedores, empresas manufaturistas e desenvolvedores)
(entrevistador): Então pensando sobre o comportamento do usuários e como fazer com que as interações sejam mais prazeirosas… mais bonitas, mais parecidas…
Yves: Essas são boas palavras, mas eu diria, mais relevante. Sabe, relevante na vida deles, existe um monte de ideias e e características e, sabe, quando você começa em uma empresa você tem encruzilhadas e e você toma todas essas decisões, e se você toma todas essas decisões, sabe, somente baseado em qual tecnologia você possui e não em como as pessoas realmente vão viver com a sua tecnologia, então você está esquecendo de um aspecto importante de porquê as pessoas vão ou não amar seus produtos.
Yves é realmente uma pessoa muito atenta não só às formas como seus produtos serão aplicados na prática, mas de que forma eles afetarão seus consumidores, se terão impactos reais, e são todas questões pensadas junto com seus clientes muito antes da sua produção, como se essas preocupações estivesse circunscritas desde o princípio.
Exemplo disso são os diferentes produtos que servem a diferentes propósitos, todos, mais uma vez, pensados de diferentes pontos, do ponto de vista do próprio design, quais materiais usar, quais formas terão os produtos, cor, textura, do ponto de vista prática e quais aplicabilidades os produtos terão, qual o público que terá acesso e melhor aproveitamento dos produtos, quais tecnologias empregar, quais empresas fazer parcerias, etc, uma enorme lista de preocupações que resultará em algo que necessariamente precisa ser bonito, fácil, prático e dentro do que se espera de um bom produto. O FuseProject, então, um Studio de design localizado em San Francisco e com escritório em New York, desenvolveu alguns produtos bem aceitos, como o JamBox, feito em parceria com o JawBone (empresa que Yves também é CEO e chefe criativo). O Jambox é um speaker com conexão bluetooth, feito de alumínio e que já possui algumas versões, disponível em várias cores, foi lançado em uma época em que o mercado ainda estava desenvolvendo speakers sem fios.
Antes disso, foi lançado também pelo Fuseproject o One Laptop for Child, uma espécie de campanha que pretendia dar a cada criança de uma certa faixa etária a países que fazem parte do projeto um computador/tablet, com o intuito de melhorar o acesso de crianças à informações no âmbito educacional. Existem 3 milhões de tablets como esses desenvolvidos para o projeto One Laptop for Child, com telas de 7,5 polegadas, custando 149 dólares, com teclados magnéticos acoplados, e no Uruguai, todas as crianças entre 6 e 18 anos que estudam em escolas contempladas pelo projeto possuem um tablet.
Um dos últimos produtos lançados por Yves e sua equipe é AugustLock, uma fechadura que funciona através de um aplicativo disponível para os produtos Apple, que responde muito bem à necessidade de diminuir o volume dos bolsos de calças, já que simplesmente não é mais necessário andar com elas quando se tem uma fechadura dessas.
Yves é considerado pela Times uma das 100 pessoas mais importantes desse século, por sua atuação enquanto designer e empreendedor no mercado americano que vem mudando a forma como empresas e consumidores pensam e atuam. Ele desenvolve projetos e produtos que estabelecem novas e reais conexões com o mundo, faz parcerias com empresas, transformando o modelo de trabalho vigente e inspirando outros profissionais a fazer parte dessa grande rede.
Abaixo a lista de links de onde tirei as informações:
1 (esse é o vídeo de onde tirei as transcrições veiculadas no texto, “Objects that inspire me, Lauch Festival”):
2- http://www.telegraph.co.uk/
3-
[youtube youtubeurl=”U4PnTdzG9bY” ][/youtube]
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